domingo, 5 de maio de 2024

Natação, um esporte de gente rica?

13, fevereiro, 2022

Analisando o perfil dos atletas do Brasil da natação de base percebe-se algumas características: poucos pobres, poucos negros e poucos atletas do interior do estado. Claro e lógico, quem tem acesso as piscinas dos clubes de natação? Se esses clubes ficam nas capitais e em bairros de classe média alta. Vejamos a cidade de João Pessoa. O COPM fica no Retão de Manaíra, a AcquaR1 fica no bairro de Miramar, a AABB fica na Penha e a Villa Olímpica fica no Bairro dos Estados. Pois bem, todas as dificuldades são criadas para os nadadores dos subúrbios terem acesso as piscinas. E o problema só esta começando.

Os nadadores de base do Brasil e da Paraíba são sim em sua maioria no mínimo de classe média, brancos e estudantes de escolas privadas. E se esse atleta se destacar nos campeonatos? Quais o custos que os pais possuem para manter os atletas no esporte? Esse problema é muito grave e está longe de uma solução definitiva. A CBDA realiza campeonatos com os mesmos critérios de uma olimpíada. Do ponto de vista técnico isso é perfeito, do ponto de vista da logística é um desastre. Os campeonatos Brasileiros infantil de natação tem sua agenda durante a semana, e todos perdem aula nessa semana. Os pais que precisam trabalhar precisam tirar folgas de seus trabalhos para acompanhar os filhos. E o custo? É um absurdo, os gastos com passagens aéreas, acomodações e alimentação durante uma semana. Além disso, os pais precisam fazer cotinhas para pagar os custos dos técnicos, pois as estruturas do clubes não comporta tal orçamento. Ou seja, só se prática natação no Brasil, as famílias que possuem renda e disponibilidade de tempo. Por isso o Brasil tem tanta dificuldade nas olimpíadas e em campeonatos mundiais, pois vários atletas desistem ao longo do caminho, e poucos continuam praticando os esporte diminuindo as chances de vitória.

Os sobreviventes nadadores que conseguem suportar os custos e uma logística maluca vão para os campeonatos sofrendo toda uma pressão por resultados do próprio país, pela falta de ídolos. Esse equação não fecha e os pais não podem suportar todos esses custos. Os governos, CBDA e as federações estaduais devem pensar de forma macro essa solução que é econômica. A quantidade de campeonatos que são oferecidos ao longo do ano só é possível para atletas que nascem em berços de ouro. Relato isso com muita tristeza, pois vários talentos da natação ficam no caminho. E quem paga musculação, psicólogo, nutricionista, fisioterapeutas e massagens? Só quem tem dinheiro, e as nossas famílias não tem esse perfil europeu ou norte americano.

Não é possível que esse assunto não seja tratado como um prioridade, apesar que em décadas a natação enfrenta este problema. Não se pode pensar em natação e competições com esses custos absurdos. Na mesma proporção é querer que um aluno estude com fome, o atleta de natação só desestimula quando percebe o sufoco que cada pai passa para mantê-lo no esporte. Não sei se a natação é um esporte de ricos, mas pobre não consegue praticar um esporte caro e cheio de despesas. Precisamos refletir e agir.

Sucesso

Nos dias 05 e 06 de fevereiro João Pessoa foi a sede das águas abertas do Brasil. O evento foi muito organizado e movimentou a cidade naquele fim de semana. O clube Cabo Branco-AcquaR1 foi o destaque do campeonato, com o reforço de vários atletas de piscina.

Sem noção

O governo brasileiro e a CBDA tratam a natação como se fosse um esporte em que os praticantes tivessem dinheiro e tempo para a prática do esporte. Essa equação nunca irá fechar. A natação deveria era agradecer a alguns pais e técnicos que fazem o esporte com amor e paixão.