Em 1952, José Américo (histórico político e escritor paraibano) comprou terreno na praia do Cabo Branco, já na parte mais próxima à barreira, onde construiu e foi morar desde que retornou do Rio, capital do país, onde exercera, até o suicídio de Getúlio Vargas, o cargo de ministro da Viação. Corria o ano de 1954, e, como era permitido na época, tornou a cumprir o mandato de governador do estado para o qual havia sido eleito em 1950, juntamente com o presidente da República a quem voltara a servir.
Registre-se que foi uma campanha eleitoral em que Américo teve o apoio entusiasmado do escritor José Lins do Rego (presente em vários de seus comícios), mas também de Rui Carneiro. Terminado o período em que governou o estado, no ano de 1956, de vez instalado na casa da praia, o velho político, nascido em 1887, ainda concorreria por uma vaga no Senado Federal em 1958, pelo Partido Libertador (PL), quando perdeu para Rui Carneiro (PSD).
Porém, se tornou influente áulico da política e, ainda, alvo da peregrinação de gente do jornalismo, da cultura e da literatura paraibana e nacional. (A casa foi um dos principais cenários do filme O Homem de Areia, de Vladimir Carvalho, o que é uma outra história). Tudo isso, com a ajuda diuturna e incansável de sua esposa Ana Alice, falecida em 1962, e depois da escritora e historiadora Maria de Lourdes Lemos de Luna, mais conhecida como Lourdinha Luna, falecida aos 92 anos, em 2018. Afinal, seu romance de 1928, A Bagaceira, havia dado outro rumo à literatura brasileira: “Sem A Bagaceira eu não teria escrito Cacau”, disse um dia, devidamente gravado pela equipe de Vladimir Carvalho, no terraço da casa de José Américo, para quem quisesse ouvir, o escritor Jorge Amado, acompanhado de Zélia Gattai, sua esposa, e escritora.
Com a morte de José Américo, em 1980, aos 93 anos, começou a luta de Lourdinha Luna para que o prédio onde ele havia residido se transformasse numa casa de cultura e de preservação histórica, tendo como emblema maior a figura de seu ilustre morador. Finalmente, em 10 de dezembro de 1980, no primeiro governo de Tarcísio Burity, foi criada a Fundação Casa de José Américo, a contemplar, além do acervo da figura que lhe serve de emblema, importante arquivo com informações a respeito dos governadores da Paraíba.
Sob o seu guarda-chuva institucional, abriga, ainda, grande número de pesquisadores debruçados sobre a história, sobre a arte e sobre a cultura estadual. Enfim, vive a produzir eventos que objetivam compartilhar conhecimentos fundamentais à compreensão da trajetória paraibana.