O futebol paraibano parece que está, finalmente, no caminho certo e os clubes começaram a entender que a saída é investir de forma real, e não apenas no discurso, na base.
É claro que por trás disso há algum interesse financeiro, mas, de qualquer forma, é bem melhor do que, no profissional, trazer jogadores de fora, de discutível qualidade, e a salários destoantes da realidade do cacife econômico da equipe.
Nesse sentido, louve-se o esforço que vem fazendo a atual diretoria do Esporte de Patos, com o apoio crucial de abnegados profissionais do futebol (na retaguarda) que dão apoio significativo no dia a dia do time, além da dedicação ao clube.
Foi importantíssimo o título de campeão paraibano sub-20, o que não apaga, evidentemente, o brilhantismo do Confiança de Sapé, que alcançou, merecidamente, o título de vice-campeão.
Há, no Brasil, uma cultura nefasta de se desprezar o vice-campeonato com uma absurda condenação, tratando o vice como irremediável perdedor.
Ora, não se chega por acaso a vice. O time de Sapé venceu, nas semifinais, o Botafogo, que tem, evidentemente, muito mais estrutura; e o Esporte, o Campinense, que se hoje anda em maus lençóis, ainda é um dos maiores clubes do futebol paraibano.
Mas o que eu quero destacar mesmo é que essa consagração do Esporte de Patos traz outra consagração ainda mais importante: a renovação da torcida.
Durante as partidas (e acompanhei quase todas), era maciça a presença de jovens adolescentes e até crianças, como acontecia, por exemplo, no tempo em que eu estava nessa fase. Na minha época de criança, lembro que havia um senhor, pai de um colega meu, que era dono de uma grande padaria no Belo Horizonte (infelizmente, não lembro os nomes de pai e filho) que nos levava ao Estádio Municipal José Cavalcanti, nos dias de jogos do Esporte. E olha que a carroceria ia lotada de crianças: todas vestidas com camisas do “Patinho, o ‘Terror do Sertão’”. Como eu não tinha dinheiro para comprar uma camisa, já que era órfão e pobre, pedi à minha mãe, que costurava muito bem, para fazer uma camisa alvirrubra, com listas verticais e os punhos (era assim que se chamava a parte final da manga) brancos, igual à do padrão (não se usava o termo uniforme) do Esporte. A única tristeza minha era que as listas eram muito finas, e as do Esporte eram grossas (depois o time adotou um uniforme, que diminuiu minha tristeza, que alternava listas grossas e finas). Mas como adorei aquela camisa e com que gosto, orgulho e amor vestia!… Ainda hoje quando lembro, encho os olhos de lágrima, sentindo, eternamente agradecido, o carinho e a ternura de mamãe.
Hoje, vejo as crianças e adolescentes voltando a campo, com as camisas alvirrubras, com listas verticais; algumas ainda com o patinho, e não com esse horroroso escudo atual, que parece ter sido desenhado por uma criança que não sabe desenhar.
O Esporte é o mais antigo clube de Patos e, durante muito tempo, teve a maciça hegemonia da torcida, mas depois esta foi diminuindo, assustadoramente, porque as crianças nasciam e cresciam vendo as conquistas do Nacional, o que, naturalmente, terminava por aumentar o número de torcedores nas faixas infantil e juvenil do alviverde.
Mas a torcida do Esporte está voltando a crescer. E é evidente a renovação, com rostos juvenis e e infantis em campo. E em relação a estes últimos, alegra vê-los sorridentes e eufóricos; e o mais importante – a gente nota que não é por imposição do pai.