domingo, 7 de dezembro de 2025

A Ladeira São Francisco

26, novembro, 2025

Certamente, não foi a primeira rua aberta em João Pessoa. Depois da construção de armazéns, de prédios públicos, de algumas residências e do fortim, com abrigo para o Capitão Mor, na cidade baixa, as primeiras ruas abertas, com planejamento, na parte alta da cidade foram as Nova (atual General Osório), Direita (atual Duque de Caxias) e da Cadeia (hoje, Visconde de Pelotas).

Mas foi pela atual Ladeira São Francisco que a cidade subiu da zona do porto, no Sanhauá, para o platô da colina onde as ordens religiosas dos Beneditinos, dos Franciscanos, dos Carmelitas e dos Jesuítas, além da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia, se puseram a construir igrejas e conventos, ainda no Século XVI.

Nos primeiros tempos, o aclive teve, portanto, caráter mais funcional que residencial. Estudo sobre o traçado urbano de João Pessoa observa que, por ser muito íngreme, a Ladeira São Francisco recebeu poucas construções em seu entorno, enquanto permitia o fluxo de pessoas, cargas e tropas.

Com os franciscanos, o eixo da ladeira ganhou peso simbólico. O convento dedicado a Santo Antônio, marcava a presença de uma das ordens religiosas mais ativas no processo de catequese dos povos indígenas e na organização da vida urbana na colônia.

Desse modo, nos primeiros anos de fundação, a Ladeira São Francisco exerceu três papéis articulados. Primeiro, foi caminho estratégico de circulação entre o porto no Sanhauá e a cidade alta. Segundo, serviu como eixo de ligação entre funções econômicas e funções religiosas, aproximando o cotidiano do comércio e da navegação da vida conventual.

Por fim, ajudou a desenhar o próprio traçado urbano, servindo de referência topográfica numa área urbana que ainda se estruturava entre a beira do rio e a parte alta plana onde, no decorrer do tempo, não apenas se consolidariam os conjuntos religiosos, mas também residências e equipamentos públicos.

Hoje ela permite acessos diretos a marcos como a Casa da Pólvora, o Centro Cultural São Francisco e a Catedral Basílica de Nossa Senhora das Neves, sendo uma via bastante utilizada no trânsito entre esses dois patamares de relevo da cidade.


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