“O povo assistiu àquilo bestializado, atônito, surpreso, sem conhecer o que significava. Muitos acreditaram seriamente estar vendo uma parada”.
A frase, que virou histórica, é do paraibano Aristides Lobo, jurista, político, jornalista republicano e abolicionista do século XIX, que retrata a apatia popular diante da queda da Monarquia, em 15 de novembro de 1889.
Se o quadro no Brasil era o descrito por Lobo, o imobilismo na Paraíba era ainda maior. Na província o movimento republicano era quase inexistente, se resumindo a debates mais diletantes do que de ação prática. Dessa forma, quando a notícia chegou à antiga cidade da Parahyba, atual João Pessoa, o que se estabeleceu foi a desorientação.
Lá fora, no entanto, além de Aristides Lobo, alguns paraibanos se destacaram na luta republicana, entre eles Luís Ferreira Maciel Pinheiro advogado, juiz e jornalista, que ganhou poema do colega de faculdade, Castro Alves, com o título “O Peregrino Audaz”.
Maciel Pinheiro, que hoje é nome de rua importante em João Pessoa e praça em Recife, não teve a felicidade de ver instalada a República, pois faleceu seis dias antes, em 9 de novembro de 1889.
Tem ainda João Coelho Gonçalves Lisboa, o Coelho Lisboa, que após proclamada a República foi Chefe de Polícia, atualmente secretário de Segurança, na Paraíba, e até foi eleito e reeleito deputado federal pelo estado.
Sem esquecer o general João de Almeida Barreto, veterano da Guerra do Paraguai, que aderiu com suas tropas, no Rio, à República proclamada, conseguindo posterior sucesso político no estado.
Contudo os que mais se deram bem, de cara, foram os irmãos generais João Soares Neiva e Tude Soares Neiva, ambos vivendo fora, que conseguiram a nomeação do irmão Venâncio Neiva (o da foto que ilustra a matéria) como o primeiro presidente republicano da Paraíba.