domingo, 15 de junho de 2025

A Paraíba na ascensão e queda de Getúlio, entre 1930 e 1945

11, junho, 2025

Nesta terça-feira, 10, escrevemos sobre a decisiva participação da Paraíba na Revolução de 1930, que levou Getúlio Vargas ao poder central do país. Destacamos que, na linha de frente dos acontecimentos, o então escritor e secretário de Segurança paraibano, José Américo de Almeida, havia sido vital para o sucesso do movimento.

Na sequência, ascendeu à constelação política nacional, prejudicada, no entanto, em 1937, pelo golpe de Estado perpetrado por Getúlio Vargas, quando Américo era possível candidato à Presidência da República, em pleito que deveria se realizar em 1938. Dessa forma, os sete anos do período duro da ditadura varguista, o paraibano passou completamente afastado do poder federal, amargando a desfeita de Vargas.

Então, em 1945, instante em que o Brasil vivia o esgotamento do Estado Novo, Américo concedeu uma entrevista, sobre a qual falamos rapidamente, no texto anterior, que se tornou decisiva para acelerar o fim daquele ciclo.

A entrevista foi concedida ao jovem jornalista Carlos Lacerda, já conhecido por sua oposição ferrenha ao getulismo. Publicada no Correio da Manhã, jornal que havia lançado Américo como candidato presidencial, em editorial publicado em 1935, a palavra do paraibano caiu como uma bomba no cenário político nacional. Não era apenas mais uma crítica ao regime: era a voz de um dos construtores da Era Vargas se voltando contra o próprio regime que ajudou a erguer.

“Nesta hora, não me nego a falar. Ao contrário, julgo chegado o momento de todos os brasileiros opinarem. Esta é uma hora decisiva que exige a participação de todos no rumo dos acontecimentos”. Foi assim que começou a fala de Américo ao Correio da Manhã, quebrando o controle da censura.
O impacto foi imediato, reforçando o movimento pela redemocratização, fortalecendo a oposição, desgastando ainda mais a imagem de Getúlio e convencendo setores decisivos — especialmente os militares — de que a permanência de Vargas era insustentável. Meses depois, o Estado Novo chegou ao fim.

A entrevista de José Américo a Carlos Lacerda não derrubou sozinha a ditadura, mas foi um de seus empurrões mais simbólicos e poderosos. Um episódio em que a história dá uma de suas reviravoltas, pois o homem que ajudou a levantar o novo regime foi também quem abriu a porta para seu fim.