Em outra crônica, sobre histórias paraibanas, falamos sobre um certo Tenente Retumba, que dá nome a uma das ruas do setor urbano antigamente conhecido por “Comércio”, na parte baixa da cidade, em João Pessoa. A parte da família Retumba que escapou do esquecimento era composta pelo engenheiro português Francisco Soares da Silva Retumba, o engenheiro de Minas Francisco Soares da Silva Retumba Filho (filho do primeiro, que existiu entre 1856 e 1890, morrendo, no Recife, em condições ditas misteriosas, que se pensa ter sido suicídio) e o deputado federal tenente João da Silva Retumba (certamente, irmão do segundo e filho do primeiro, que deu nome à rua).
Dos três, por sua vez, foi Retumba Filho quem registrou uma pedra (já alvo de indicações anteriores) com inscrições rupestres, localizada no município de Pedra Lavrada (na região geográfica paraibana do Seridó) a qual fielmente reproduziu, em desenho. Pelo detalhismo, findou batizada com o seu sobrenome, portanto, Pedra da Retumba. O preciso registro ele oficializou em 1886, num relatório sobre a economia da Paraíba apresentado ao presidente da província, Antônio Herculano de Sousa Bandeira Filho. Contudo, com o tempo a pedra acabou soterrada, principalmente na parte das inscrições, em função do desmatamento, da prática da mineração e das ações de tudo isso sobre um riacho próximo, o que terminou provocando a acumulação de sedimentos em seu entorno.
Agora, em 2020, uma equipe acadêmica da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) resolveu desencantar as inscrições rupestres, pondo a Pedra da Retumba novamente em evidência no roteiro histórico e turístico paraibano. A ação envolveu muito trabalho, cercado de muitas dúvidas, especialmente na confrontação de relatos de moradores sobre a localização do lajedo específico, das dúvidas sobre a real fundura entre a superfície e as inscrições, além das exigências tecnológicas para as escavações.
Foi, sobretudo, uma redescoberta cercada de muita importância para a arqueologia, uma vez que são registros humanos milenares, dos quais a Paraíba vai se mostrando rica. Agora, a Pedra da Retumba se encontra sob a proteção do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba (Iphaep), como Patrimônio Material do Brasil
(A imagem reproduz as inscrições da Pedra da Retumba, copiada da Wikimedia Commons, de livre utilização)