quinta-feira, 21 de novembro de 2024

A Praia do Jacaré

18, maio, 2024

Com fama mundial consolidada, sendo um dos pontos turísticos paraibanos mais contemplados com publicações voluntárias na Internet, a Praia do Jacaré tem imprecisa origem no tempo, enquanto ponto de convívio humano reconhecido. Sua fama mais recente, estabelecida por conta de haver se transformado numa doca de reparações de barcos, veleiros e iates, prestigiada internacionalmente, cresceu ainda mais a partir da década de 1990, quando Jurandy do Sax resolveu tocar o Bolero de Ravel, a cada pôr do sol, instalado dentro de uma canoa, a vagar pelas águas do rio-maré.

Trata-se de uma praia fluvial, quase um braço de mar, resultado do encontro entre o rio Sanhauá-Paraíba e o Atlântico, mais abaixo, a jusante, como se diz. Segundo pesquisas publicadas pelo Grupo de Cultura e Estudos em Turismo da Universidade Federal da Paraíba, por meio da “Cartilha da Praia do Jacaré”, a localidade já era mencionada em órgãos de imprensa e em documentos oficiais no século XIX. Conforme o relato universitário, o jornal O Publicador, que circulava na Cidade de Parahyba, atual João Pessoa, em edição de 3 de março de 1864, reporta a venda de um certo sítio Martins do Jacaré, existente na área. O detalhe importa ainda por conta de um segredo oculto na memória, relacionado ao motivo pelo qual a praia se chama exatamente “do Jacaré”.

De cara, sugerem os dados expostos na Cartilha elaborada na Academia, parece não valer a história de que o topônimo passou a ser desde uma particularíssima interpretação dos moradores, motivada pelo pouso de hidroaviões, no lugar, então comparados a imensos ‘jacarés’. Afinal, nos registros já citados, a região era, ainda nos anos 1800, conhecida por Jacaré, e os hidroaviões somente vieram a aparecer entre as décadas de 20 e 30 dos anos 1900. O mais provável, arremata o documento universitário, é que existiam mesmo jacarés por ali.

E há apontamentos históricos a respeito. O texto acadêmico transcreve uma descrição poética feita pelo viajante de um paquete ao percorrer o Paraíba-Sanhauá, publicada em matéria da edição de 28 de maio de 1868, do já citado O Publicador: “O jacaré recostado a sombra de uma gigantesca gameleira, ostenta o sonho de um guerreiro, tostado ao sol de mil batalhas”. A Praia do Jacaré pertence ao município de Cabedelo, vizinho a João Pessoa, e sofreu ultimamente significativas intervenções urbanizadoras destinadas a reforçar o conforto e o atendimento aos turistas.

No aprazível local, funciona charmosa feira de artesanato, onde é comercializado o trabalho de artesãos, naturais do estado inteiro, a exprimirem a cultura paraibana e nordestina. Tudo isso, tendo como cenário o histórico rio Sanhauá-Paraíba – berço, é sempre bom lembrar, em que nasceu e cresceu a capital paraibana – como elemento fundamental da harmônica cena que tanto deslumbra os visitantes da Praia do Jacaré.

(A foto é de divulgação feita do governo do estado)