domingo, 7 de dezembro de 2025

Ágaba e Sady, uma trágica história de amor em João Pessoa

22, setembro, 2025

Algumas vezes já escrevi sobre a tragédia, resultado perverso de uma extravagância moralista —que não raramente é má conselheira—, e sempre me vejo tocado pela emoção, diante do quadro de contornos shakespearianos.

Na tarde do sábado, 22 de setembro de 1923, o estudante do Lyceu Parahybano Sady Castor, 27 anos, esperava a saída da normalista Ágaba Gonçalves de Medeiros, 17, em frente à Escola Normal.
Sady estudava no Lyceu Paraibano, com endereço no prédio que durante muito tempo sediou a Faculdade de Direito da UFPB. A Escola Normal, de Ágaba, funcionava no edifício que atualmente abriga o Tribunal de Justiça da Paraíba.
Estamos falando de um cenário centralizado pela Praça Comendador Felizardo, atual Praça João Pessoa, que, à época do acontecimento, era cercada por grades de ferro, as mesmas que hoje adornam o Cemitério Senhor da Boa Sentença.

O guarda civil n.º 33, Antônio Carlos de Menezes, destacado para policiar o entorno do colégio feminino, o abordou. A discussão terminou com um tiro fatal no abdômen de Sady.

Amigos e professores o socorreram, mas ele morreu horas depois. O velório reuniu multidões e, no sepultamento do infelicitado jovem, centenas de estudantes marcharam até o cemitério.

O episódio incendiou a cidade. O governo fechou temporariamente o Lyceu e a Escola Normal. O Grêmio Cívico-Literário 24 de Março, do Lyceu, reagiu com protestos e um habeas corpus para garantir o direito de circular e se reunir.

O caso entrou de vez na disputa política local da Primeira República, em uma quadra histórica paraibana em que Sólon Barbosa de Lucena governava o estado, não sem oposição.

Quinze dias depois do infausto acontecimento, Ágaba suicidou-se ingerindo veneno; cartas achadas logo após a morte consolidaram essa versão. O casal virou símbolo de uma cidade que confundiu disciplina com coerção do afeto.

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https://paraondeir.blog/agaba-e-sady-tragica-historia/

(A foto é do atual Tribunal da Justiça da Paraíba, construído para ser a Escola Normal)