De vez em quando tenho escrito sobre um grupo de mulheres que, de forma corfajosa, enfrentaram o patriarcalismo, ainda mais exacerbado que hoje, na Parahyba da primeira metade do Século XX. Entre essas mulheres, havia Albertina Correia Lima.
Nascida em João Pessoa, em 25 de dezembro de 1889, Albertina pertenceu a uma geração que precisou abrir caminho com a palavra, com o estudo e com a presença pública, unindo intrepidez e conhecimento intelectual para abrir espaço além dos limites que a sociedade impunha às mulheres. Estava entre as que construíram a Associação Paraibana para o Progresso Feminino, uma entidade vinculada nacionalmente à Associação Brasileira para o Progresso Feminino, dirigida pela pioneira do movimento feminista brasileira, a mítica paulistana Bertha Lutz.
Formou-se professora pela Escola Normal em 1912 e seguiu na docência, atuando em espaços de ensino da capital num tempo em que a educação era, para muitas mulheres, o território mais possível e, ao mesmo tempo, mais vigiado.
No início da década de 1930, no entanto, concluiu o curso de Direito na Faculdade de Direito do Recife. Há registro de sua inserção em instituições de memória e cultura, como o Instituto Histórico e Geográfico Paraibano e na Associação Paraibana de Imprensa.
É nesse contexto que ganha relevo seu texto “A mulher e seus direitos em face de nossa legislação”, publicado no jornal A União em 1933, associado também a uma leitura em rádio. Ali, Albertina discute o lugar da mulher diante das leis e das práticas sociais, sem pedir licença para existir como voz autorizada.
Albertina morreu em 18 de março de 1975. Ficou como exemplo de uma mulher que trabalhou para que outras pudessem falar mais alto. Não foi uma personagem de vitrine. Foi gente de ideias, de trabalho cotidiano, de texto bem amarrado. E, numa Paraíba em que o mundo masculino dominava, ela insistiu em assinar o próprio nome de mulher na história.