domingo, 7 de dezembro de 2025

Anayde Beiriz

3, dezembro, 2025

Folheando edições da icôlnica Revista Era Nova, em coleção mantida na Internet pelo Centro de Ciências Humanas Letras e Artes da UFPB, encontrei a bela foto que ilustra a crônica de hoje. Trata-se da mítica Anayde Beiriz bem perto de completar 19 anos.

A essas alturas de sua atribulada vida, já com o curso Normal concluído e professora da Colônia de Pescadores de Cabedelo, ele não tinha a menor ideia da tragédia que lhe tiraria a vida, pouco mais de seis anos após a exposição na revista. A edição é a de número 56, de 30 de janeiro de 1924.

Um ano depois da foto, Anayde Beiriz foi vencedora de um concurso de beleza promovido pelo jornal carioca Correio da Manhã. A beleza reconhecida, a condição de poeta e de defensora de teses feministas reforçavam em Anayde a imagem de uma mulher à frente do seu tempo.

Em 1928, iniciou relacionamento amoroso com o advogado e jornalista João Duarte Dantas, ligado à oposição ao então presidente da Parahyba do Norte, João Pessoa. Em 10 de julho de 1930, a polícia invadiu o escritório de Dantas e levou cartas e poemas de amor trocados pelo casal, guardados em cofre particular.

A vida íntima de Anayde virou assunto de folhetins, com a professora apresentada como mulher “leviana” e “amante”, numa campanha marcada por misoginia e tentativa de humilhar Dantas por meio da reputação dela.

Em 26 de julho de 1930, João Dantas, acompanhado do cunhado Augusto Caldas, entrou na Confeitaria Glória, no Recife, e atirou em João Pessoa, que morreu no local. O assassinato provocou comoção nacional e se tornou o principal motivo da Revolução de 1930.

Preso, Dantas apareceu morto na Detenção do Recife, em 6 de outubro de 1930, em meio à Revolução Liberal, oficialmente por suicídio. Em 22 de outubro, o mesmo aconteceu com Anayde, oficialmente por autoenvenenamento. Tinha meros 25 anos de idade.


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