quinta-feira, 3 de julho de 2025

Apolônio Sales de Miranda

3, junho, 2025

No dia 21 de março de 1963, desembarcava em João Pessoa, sob intensa comoção, o corpo do funcionário público, do hoje não mais existente Instituto de Previdência e Assistência aos Servidores do Estado-Ipase, Apolônio Sales de Miranda. Três dias antes ele havia pulado do 8º andar do edifício da repartição onde trabalhava, no Rio de Janeiro, encerrando sua passagem pela vida, que começara em 14 de julho de 1916, em Alagoa Grande.

Apolônio Sales de Miranda foi prefeito de João Pessoa entre os anos de 1955 e 1959, tendo realizado uma administração com radical preferência pelo povão. Assim, atraiu a ira da elite pessoense, da época, o que acabou o levando à cadeia, em 1958, onde chegou nos braços do povo, para sair dois dias depois, também carregado pelo povo, que o levou do Quartel da PM, no Varadouro, até a sede da Prefeitura, na Visconde de Pelotas com a Praça Rio Branco.

“Eram cinco horas da tarde. Ele retornava ao seu lugar levado pelo povaréu, empurrando uma camioneta em cima da qual o prefeito desfilou para o seu gabinete na sede da Prefeitura, para receber de volta do vice-prefeito José Clementino o cargo que de direito lhe pertencia”, relata o saudoso cronista Severino (Biu) Ramos, em seu ótimo livro Arca de Sonhos ou Mocidade e Outros Heróis. Da cena, apesar de criança, bem lembro, porque, ao passar pela esquina da Visconde de Pelotas com a Arthur Aquiles, onde o redator deste texto residia, atraiu a meninada até a calçada do velho Hospital de Pronto Socorro.

Apolônio era funcionário de carreira do Ipase, desde a década de 1940, no Rio de Janeiro, para onde havia se mudado ainda jovem, e para onde retornou após a conclusão de seu mandato, e onde acabou se suicidando, após receber uma carta de demissão por loucura. Foi demais!

Em João Pessoa Apolônio Sales de Miranda é nome de rua, na Ilha do Bispo, e de uma Escola de Ensino Fundamental, em Cruz das Armas.


(Na foto, do jornal A União, Apolônio Sales de Miranda em entrevista ao jornalista Carlos Romero, em 1950)