Aruanda, um marco do cinema paraibano e brasileiro
2, setembro, 2025
As décadas de 1950 e 1960, com maior destaque, viram crescer o cineclubismo na Paraíba. Esse crescimento ocorreu de forma progressiva em qualidade e quantidade. Uma das expressões desse tempo foi o cineasta Linduarte Noronha, que se destacou no campo do cinema documentário, bem mais do que no ficcional, quando dirigiu, com ressalvas ao produto final, a direção de “Fogo, o Salário da Morte”.
Contudo, o filme Aruanda (que apresenta encenações), de 1960, dirigido e narrado por ele, é marco na trajetória do cinema paraibano e brasileiro. A filmagem tem a assistência de João Ramiro e Vladimir Carvalho e fotografia de Rucker Vieira.
Com pouco mais de 20 minutos de duração, essa obra cinematográfica rompeu paradigmas ao trazer, com delicadeza e profundidade, o cotidiano de uma comunidade quilombola situada no Sertão da Paraíba.
Aruanda (que pode ser visto, na íntegra, no YouTube) revelou ao país uma face invisibilizada da cultura afro-brasileira e sertaneja, dando voz a silêncios históricos, na resistência de um povo à margem das narrativas dominantes.
Após ser apresentado à obra, Glauber Rocha, expoente do movimento do Cinema Novo, escreveu “Os rapazes estão próximos àquele fantástico Rossellini de Paisà e Roma, Cidade Aberta…”. Glauber se referia a Linduarte e Rucker Vieira.
Na peça crítica, publicada no Jornal do Brasil, Rocha via em Aruanda “os primeiros sinais de vida do documentário brasileiro.” O fato é que o filme permanece até hoje com o status de semente estética e política do Cinema Novo.