Um roteiro traçado pelo velho amigo Marcos Chagas Brito, envolvendo tempos de outrora, em João Pessoa, nos permite abordar amenidades neste domingo, dentro do campo memorial. Fazendo um esforço conjunto com a narrativa feita por ele, chegamos a um rol de antigas lojas que costumavam oferecer tecidos, propagandeando, sempre que possível, opções raras ou exclusivas, atraindo clientes em busca por novidades, no referido segmento comercial, na capital paraibana.
A lembrança sobre os ambientes dessas lojas, com recepção atenciosa feita por vendedores com grande conhecimento no assunto, certamente é uma experiência nostálgica. No circuito do comércio, entre a Visconde de Pelotas, Duque de Caxias, Guedes Pereira, Beaurepaire Rohan e Barão do Triunfo tivemos, com exclusividade ou com vendas de tecidos entre suas mercadorias, as Casas Costa Junior, Girafa Tecidos, Novo Continente, Novo Horizonte, Armazém do Norte, As Nações Unidas, Casas Bezerra Gomes, Dragão dos Tecidos, Nova Aurora, Casa Azul e A Preferida.
Lembrar dessas velhas lojas que já passaram pela cidade é, de certa forma, um exercício de resgate da memória coletiva. Eram não apenas pontos de comércio, mas também verdadeiros marcos da vida urbana. Os jingles e comerciais dessas lojas, transmitidos pelas rádios locais, tinham um poder quase hipnótico. Eles não só anunciavam promoções ou novidades, mas também se tornavam trilha sonora do cotidiano. A música, as vozes familiares, os slogans repetidos —tudo isso contribuía para fixar na memória uma época e um jeito de viver.
Mesmo quem não estivesse diretamente interessado acabava sabendo de cor aqueles jingles, que se tornavam parte do imaginário popular. Gente de rádio, como Pascoal Carrilho, da Tabajara, fez sucesso e demarcou estilo e produziu causos, até hoje famosos, no campo do comercial dessas lojas. Hoje, ao lembrarmos delas, estamos também expondo parte da alma da cidade, forjada no correr de sua existência.
A foto é do velho prédio, no Ponto de Cem Reis, onde pontificou As Nações Unidas.