quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro

11, abril, 2024

Há duas igrejas, as capelas de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e a de Nossa Senhora da Batalha, entre Santa Rita e Cruz do Espírito Santo, que merecem destaque por se constituírem em curiosa e idêntica referência à história da Paraíba. O enredo conta que a motivação vem de 1636, época em que o estado – assim como parte do Nordeste brasileiro – era dominado pelos holandeses. Naquela quadra histórica, os invasores se dedicavam a roubar e a comercializar no plano internacional a produção local do açúcar tendo, para isso, tomado engenhos do estado à força.

Espírito Santo e Santa Rita sempre foram zonas de produção da cana de açúcar, portanto, áreas de conflitos permanentes com os invasores. Entre 1630 e 1637 havia um combatente que ficou famoso, em toda a região, por empreender forte resistência aos holandeses: o capitão Francisco Rabelo. Numa dessas lutas, Rabelinho, como era mais conhecido, enfrentou, em condições de clara inferioridade, as tropas batavas que ocupavam engenho paraibano, conseguindo derrotar os inimigos, e matar o governador holandês Ippo Elyssens (famoso por ser corrupto e extremamente perverso) que, para azar dele, encontrava-se no local.

Por conta da vitória, e para cumprir promessa, os habitantes da região posteriormente construíram as duas igrejas. Uma delas, a Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Santa Rita, foco desta crônica, às margens da PB-004, no trecho que liga Santa Rita a Cruz do Espírito Santo. Segue a descrição física da Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, da lavra de Juliano Loureiro de Carvalho, arquiteto do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), templo que tem como característica um alpendre: “De acordo com a tradição, as capelas de Nossa Senhora do Socorro e Nossa Senhora das Batalhas (distantes entre si 1,3 km) foram construídas em cumprimento de promessa pela vitória portuguesa numa batalha contra os holandeses, em 1636, cujo sítio marcam.

Assim, ambas estariam vinculadas aos seus patrimónios – não há notícia de terem sido engenhos. Oliveira aponta como a capela conjuga, desde sua origem, a salvação pela religião e a violência da conquista, o que se cristaliza na arquitetura que justapõe signos católicos a seteiras e bocas‐de‐fogo. O carácter militar, próprio da arquitetura chã, também aparece nos volumes, de proporções baixas e pesadas. Seu alpendre, de colunas toscanas, foi reputado por Gomes o mais erudito da região de Pernambuco (…).

O interior faz contraponto ao exterior austero: o desenho dos degraus do altar é barroco; a cantaria do arco‐cruzeiro tem remanescentes significativos de policromia azul e vermelha; e a ornamentação rococó do retábulo mantém vestígios de douramento. Classificada pelo IPHAN em 1938, a capela passou por intervenções em 1960, 1971, 1982 e 2005, que incluíram a retirada do guarda‐corpo e das impostas do alpendre. A Capela de Nossa Senhora das Batalhas, classificada pelo IPHAN, ruiu em 1987 e foi reconstruída”. A obra está à disposição de fiéis e de apreciadores da arquitetura colonial e da história.