domingo, 7 de dezembro de 2025

Consciência negra na Paraíba do Século XIX

20, novembro, 2025

Aproveito o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, oportuno feriado nacional neste 20 de novembro, para exaltar duas figuras paraibanas afrodescendentes, que se destacaram na sociedade brasileira da época.

Falo de Manoel Pedro Cardoso Vieira, nascido em 1848 no distrito de Jacoca (atual Conde) e Eliseu Elias César, natural da cidade da Parahyba (atual João Pessoa), em 1871, ambos patronos de cadeiras na Academia Paraibana de Letras.

O sucesso pessoal de Cardoso Vieira e de Eliseu César aconteceu em meio a uma sociedade escravocrata, excludente e crente em teses racistas e pseudocientíficas que buscavam justificar a discriminação, a exploração e a violência.

Embora haja algumas diferenças importantes entre eles (Cardoso Vieira era filho de negros, mas que tinham propriedade e escravos, enquanto Eliseu César era filho de escrava liberta com um funcionário dos Correios), tanto um quanto o outro tiveram participações de relevo na luta abolicionista.
Outra coincidência é que eles frequentaram o mesmo ambiente acadêmico comum às elites da época: a Faculdade de Direito do Recife. Cardoso Vieira concluiu seu curso por volta de 1871 e Eliseu César em 1898.
Enquanto estudante Cardoso Vieira conviveu com figuras como Castro Alves, Joaquim Nabuco, Tobias Barreto e o paraibano Maciel Pinheiro, entre outros, o que lhe fortaleceu o ideário abolicionista que adotou enquanto deputado geral pela Paraíba.

Eliseu César, antes mesmo de concluir o curso, já carimbou, aos vinte anos, sua vocação poética e literária com o livro Algas, editado ainda na Paraíba, com o poema “Não queira nunca ser branca”, com tintas fortes de resistência, endereçado às mulheres negras.

Cardoso Vieira e Eliseu César brilharam intensamente na vida do Rio de Janeiro, então capital brasileira, onde faleceram, em tempos diferentes, mas do mesmo feito, sob intensa repercussão local. Cardoso, em 1880, aos 32 anos de idade, e Eliseu, em 1923, aos 51.

Eliseu César nomeia ruas em João Pessoa e em Recife. Cardoso Vieira também nomeia ruas, no caso, em João Pessoa, Santa Rita e Campina Grande.


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