A foto, de 14 de julho de 1944 (dia nacional da França), que ilustra o texto, mostra flagrante da inauguração de um obelisco a marcar a mudança do nome do distrito de Barreiras, entre João Pessoa e Santa Rita, para Bayeux.
Na ocasião, usaram da palavra o chefe do Departamento de Educação, Abelardo Jurema (representando, por delegação do prefeito Diógenes Chianca, que comemorava seu segundo ano de gestão, com muita festa, o município de Santa Rita), o interventor Ruy Carneiro, o professor Aníbal Moura, do Lyceu, o jornalista Edmar Morel, dos Diários Associados, o estudante José Ribamar, do Centro Estudantal (sic), e o comandante Jean George Gayral, adido naval da Delegação do Governo Provisório da França no Brasil, representando a embaixada francesa.
A festa foi grande e emoção não faltou! Gente de Santa Rita e de João Pessoa lotou o espaço do evento. Logo no início da solenidade, ouviu-se o Hino Nacional e, na sequência, a Marselhesa, o internacionalmente famoso hino da França. Agora, por que Bayeux? Obrigatório se faz um pouco de história. Era o dia 6 de junho de 1944 quando as tropas aliadas contra a sangrenta aventura hitlerista, na Segunda Guerra Mundial, realizaram o maior desembarque militar da história, na Normandia, litoral francês.
O evento, a abertura da segunda frente na Europa, representou o golpe de misericórdia no nazismo, cujas tropas já vinham sendo empurradas ladeira abaixo pelo exército soviético. Localizada na região, a primeira cidade francesa a ser libertada dos nazistas pelos aliados, então, foi a histórica Bayeux, famosa pela sua arquitetura medieval, uma belíssima catedral, e singular tapeçaria. Em 20 de junho daquele ano, 12 dias depois da libertação da cidade francesa, o governador Ruy Carneiro criou o distrito de Barreiras, subordinado a Santa Rita. Em 26 de junho, um novo decreto muda o nome para Bayeux, com o objetivo de homenagear o feito histórico e de alto significado para o mundo livre e para a democracia. (Embora a guerra somente fosse acabar mais de um ano depois, em setembro de 1945).
A região, rica em manguezais, tinha o seu nome fixado a partir de um engenho bem antigo, famoso pela fabricação de tijolos de barro, material abundante no local. Mas que também já havia sido território de moradia para os índios Tabajaras e Potiguares. Bayeux permaneceria como distrito de Santa Rita até 1959, quando, no governo Pedro Gondim, foi elevada à categoria de cidade. Detalhe: ao deixar a Paraíba, o comandante francês Gayral, falando em “emoção intensa” levou consigo um pouco da terra da Bayeux paraibana direto para ser depositada na Bayeux francesa.
(Fotos publicadas pelo jornal A União, de 15 de julho de 1944. Na de cima, a fala de Abelardo Jurema, na de baixo, o interventor Ruy Carneiro)