sábado, 7 de setembro de 2024

Fábrica Matarazzo

24, julho, 2024

Por meio da modalidade arrendamento, há balcões e alguns espaços da antiga Fábrica Matarazzo abrigando atividades, especialmente de caráter esportivo, em João Pessoa. O prédio principal, na Rua da República, no entanto, se encontra em processo de arruinamento. Mas há pelo menos dois funcionários, uma gerente, que trabalha num pequeno espaço reservado, na entrada, e um vigia, pagos regularmente pela Matarazzo, botando sentido no lugar.

O conjunto edificado é um dos mais importantes símbolos da arquitetura dos primeiros tempos de crescimento industrial do estado, e pode estar às vésperas de uma intervenção restauradora do poder público, estado e município, no sentido de sua revitalização. Afinal de contas, está dentro do perímetro de proteção rigorosa do Centro Histórico de João Pessoa. Desativada por volta dos anos 1980, em meio à praga do bicudo, que destruiu as plantações de algodão na Paraíba, a Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo (ítalo-brasileiro falecido em 1937) produziam óleo de algodão e de mamona.

Nessa época, a Paraíba vivia um excelente momento da produção algodoeira e, possivelmente com algumas vantagens fiscais, o conde Matarazzo – título que lhe foi concedido pelo rei Vittorio Emanuele III, da Itália, em 1917 – implantou a fábrica na Paraíba. (O empresário ganhou prestígio, com o Estado italiano, por ter enviado mantimentos àquele país durante a I Guerra mundial, daí o título nobiliárquico).

A referida indústria vivia, então, período de forte crescimento, expandindo suas unidades produtivas pelo país inteiro. Dois dos produtos carros chefes da Matarazzo eram o óleo e o azeite Sol Levante, altamente bem-vistos, destacadamente o óleo, pelas donas de casa de todo o país. Favorecida pela alta capacidade da produção algodoeira no estado, a Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo, em João Pessoa, se transformou, junto com São Paulo, em unidade produtora dos referidos alimentícios.

Na capital paraibana, até foi criado um time de futebol, exatamente chamado Sol Levante, construindo história em versões do Campeonato Paraibano de Futebol, na primeira metade do Século XX. O prédio da Indústrias Reunidas Matarazzo, em João Pessoa, faz parte de um conjunto de edificações industriais, composto ainda pela Indústria Vinícola Sanhauá (sobre a qual falamos nesta segunda-feira, 22), e pela Prensa Abílio Dantas (de prensagem de algodão). Todos eles, prédios históricos que aguardam revitalização.

Nas fotos, pela ordem, a frente da Matarazzo, atualíssima, uma visão lateral a partir da Ponte do Baralho (a de Bayeux) e o rótulo da lata de óleo Sol Levante, dividindo procedência paulistana e pessoense.