quarta-feira, 1 de maio de 2024

Formato inédito, campeão e campeã também?

11, setembro, 2021

2021 é o ano da vacina contra a Covid-19 salvando vidas e será também o de novo formato na decisão da Liga Mundial de Surfe (WSL na sigla em inglês) que agora ficou afunilada a um “mata-mata” entre quintetos definidos pela soma de pontos de sete etapas, aberta ao final de 2020 precocemente no Havaí, quatro realizadas na Austrália, uma na piscina de ondas “em casa” do americano “Pelé do surfe” Kelly Slater e por fim a de Barra de la Cruz no México.

 2020 foi sem etapas e a atual temporada atípica, sendo a primeira desde a criação da elite, em 1992, a acontecer sem provas na Europa e Brasil, além do cancelamento mais recente, em consequência da Variante Delta, da etapa do Taití, polinésia francesa que nas mesmas temidas ondas de Teahupoo sediará o surfe dos Jogos Olímpicos Paris 2024, o que estabeleceu um novo recorde olímpico de 15716 quilômetros entre a cidade sede e praia para definir o ouro de uma modalidade.

O jornalista Régis Rösing costuma se referir a Teahupoo enfatizando “a praia dos crânios quebrados”, no que já foi imitado por Ronaldo Fenômeno, hoje morador da espanhola Ibiza, de ondas tranquilas, mas não tão bonita quanto as da nossa Paraíba.

Mas não será nem em ondas perigosas como as taitianas nem em alguma “de sonho” que o mundo conhecerá o novo campeão da liga mundial de surfe e sim nas ondas geralmente medianas de Trestles, Califórnia, Estados Unidos.

Decisão em novo formato envolvendo apenas os cinco e as cinco melhores do ranking da WSL em que o Brasil tem respectivamente os três primeiros ranqueados e a vice líder feminina, que são Filipe Toledo, de Ubatuba, São Paulo, Ítalo Ferreira, de Baía Formosa, Rio Grande do Norte, Gabriel Medina, da paulista São Sebastião, além de Tatiana Weston Webb, gaúcha de Porto Alegre criada no mesmo Havaí que hoje alterna com o paulista Guarujá.

A brasileira, por ser vice líder, se passar sua bateria de estreia enfrentará a havaiana pentacampeã Carissa Moore em dois ou três confrontos que podem nos garantir, e muito mais a Tati Webb, um inédito título feminino brasileiro na liga mundial.

Já o bicampeão Gabriel Medina aguardará quem sobreviver a um mata-mata que se inicia com o australiano Morgan Cibilic e o representante americano Conner Coffin definindo quem encara Filipinho, daí saindo o adversário do potiguar primeiro campeão olímpico e vice líder da temporada Ítalo Ferreira, esse o de caminho mais curto na busca da finalíssima em que Gabriel Medina aguarda o oponente.

Filipe Toledo é cotadíssimo para ser o quarto brasileiro campeão mundial da WSL no que sucederia Ítalo e evitaria o tri de Gabriel Medina, que em 2019 perdeu a final para o potiguar Ferreira na última bateria do ano nas temidas ondas da havaiana Pipeline, o que está registrado no recém lançado “A curiosa história de Ítalo Ferreira”.

As ondas de Trestles tornam Filipinho favorito se ele mantiver a competitividade que lhe tornou o ” Rei do Rio”, alcunha ganha com as inúmeras vitórias tanto na capital quanto em Saquarema, chamada de “Maracanã do Surfe”, estádio aliás de boas lembranças para corintianos como ele e o conterrâneo Gabriel.

As ondas de Trestles por vezes lembram a elogiada Praia do Pontal de Baía Formosa e isso não pode ser esquecido como handicap do formosense ítalo, capaz de realizar manobras aéreas de costas para as ondas as quais Medina também possui no repertório e que ambos deverão usar nos confrontos. Resta saber se Medina na final enfrentará ao final do único dia, entre hoje (11) e o dia 17, a um da dupla compatriota ou um dos dois “gringos” que abrirão o inédito e polêmico formato que aponta o melhor surfista da temporada cuja decisão foi antecedida pelo surfe estreando como modalidade olímpica e sendo através de Ítalo uma das modalidades em que o Nordeste mostrou sua garra e superação para garantir ouro para o Brasil.