quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Frei Caneca

22, setembro, 2024

Há uma breve rua, no histórico Róger, que homenageia um mártir brasileiro, nomeação que deve servir de orgulho aos que ali têm endereço. Refiro-me à Frei Caneca, via de ligação e acessibilidade no âmbito do bairro. Pelo que fez em vida, o religioso recifense se assemelha aos grandes heróis brasileiros. Em 1824, sete anos depois da Revolução de 1817, Frei Caneca chefiou a Confederação do Equador, que também proclamou a República, só que com pretensões nacionais, e federalista.

Além disso, defendia o fim da escravidão, portanto, indo além dos limites da sublevação anterior. Tornou-se revolucionário após fundar o Seminário de Olinda, lecionar Filosofia e exercer o jornalismo (dirigindo o jornal O Typhis Pernambucano, junto com Cipriano Barata, onde fazia pregação republicana e denunciava o autoritarismo imperial). Também havia participado, já, da Revolução de 1817, quando até foi preso.

Promulgada pelos revolucionários em 2 de julho de 1824, a Confederação do Equador teve as adesões da Paraíba, do Rio Grande do Norte e do Ceará. Para organizar as forças repressivas visando sufocar a revolta, Dom Pedro I não hesitou em pedir empréstimo à Inglaterra, àquelas alturas, importante credora do Brasil, depois de emprestar dinheiro ao país para ressarcir Portugal, por conta da independência. Diferentemente de João Pessoa, diversas cidades brasileiras, a exemplo de São Paulo, dedicam a Frei Caneca ainda mais homenagens do que faz a nossa cidade, capital de um dos estados que lhe seguiu o comando rebelde.

Joaquim da Silva Rabelo (seu nome ao nascer, em 20 de agosto de 1779), Frei Joaquim do Amor Divino Caneca (ao se ordenar clérigo em 1801), ou simplesmente Frei Caneca, foi o único a ser executado (em 13 de janeiro de 1825) por conta da Confederação do Equador. No caso, fuzilado, uma vez que os soldados se recusaram a enforcá-lo. Suas ideias republicanas, contudo, tiveram marcante influência na luta pela liberdade, no país, tanto que houve quem defendesse seu nome, nos primeiros anos da República, ao invés de Tiradentes, na condição de grande herói da construção da pátria.