O Instituto de Proteção e Assistência à Infância da Paraíba, fundado em 1912, teve o seu prédio inaugurado na década de 1920, após mais de uma década de construção. O local adotado foi o de um espaçoso terreno na recém-construída Avenida João Machado, símbolo da modernidade urbana em meio ao crescimento da cidade de João Pessoa, no caso específico, na direção sul. Logo instalou-se no IPAIP uma maternidade, embora modesta. Idealizado e materializado pelo médico Walfredo Guedes Pereira (1882-1954), que também comandou a Prefeitura de João Pessoa (1920-1924 e de janeiro a setembro de 1935), tinha como colaboradoras destacadas as irmãs capuchinhas, especialmente no exercício da enfermagem.
A entidade pessoense foi criada tendo como inspiração o Instituto de Proteção e Assistência à Infância do Rio de Janeiro, instalada pelo médico Moncorvo Filho (1871-1944), um higienista bastante preocupado com o atendimento à saúde infantil, em particular com as crianças pobres. Guedes Pereira havia trabalhado com Moncorvo no Rio. Em 20 de abril de 1930, outro marco na história do Instituto foi a inauguração da Casa de Saúde e Maternidade São Vicente de Paulo, uma solenidade que atraiu altas autoridades do estado, governado à época pelo presidente João Pessoa.
De acordo com matéria publicada em A União de 20 de abril de 1930, o novo pavilhão obedecia “aos mais rigorosos preceitos de higiene e conforto”. À época na área do atendimento à saúde dos mais necessitados, havia o pioneiro Hospital Santa Isabel, no sítio conhecido como Cruz do Peixe, mantido pela Santa Casa da Misericórdia, que existia desde a segunda metade do século XIX, junto à Igreja da Misericórdia, na atual Rua Duque de Caxias. Três anos depois da São Vicente de Paulo, foi inaugurada no IPAIP uma enfermaria para lactentes, em outra festa que reuniu autoridades civis e eclesiásticas, entre as quais o interventor Gratuliano de Brito e o arcebispo coadjutor da Paraíba Dom Moisés Coelho, com grande destaque na imprensa local.
A instituição da João Machado é considerada de caráter filantrópico e presta assistência integral ao usuário do Sistema Único de Saúde. Segundo a arquiteta Piedade Farias, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico da Paraíba (Iphaep), incansável no trabalho de revitalização e preservação da história física paraibana, o prédio tem elementos do estilo Art Déco, um movimento artístico de amplo alcance que se destacou principalmente nas décadas de 1920 e 1930, conhecido por sua ênfase na modernidade, luxo e elegância. Surgido como uma reação aos estilos artísticos anteriores, como o Art Nouveau, caracteriza-se pela singular combinação de modernidade e clássico, inovação e tradição.
