A edição de 18 de agosto de 1906 do jornal A União traz um anúncio de forte simbolismo sobre a história da moda masculina em João Pessoa. Em generoso espaço do jornal, a Alfaiataria Torre Eiffel, instalada na rua Maciel Pinheiro, anunciava a contratação de um novo e exímio cortador, a principal figura da costura de ternos.
“Acaba de chegar da Capital Federal para esta importante Oficina o Mestre Cortador para Roupas de Homens, o Snr. Estevam Cond cidadão de nacionalidade italiana e Diplomado pela Sociedade de Alfaiatas de Napoles”, exaltava a propaganda.
Merece destaque a variedade de tecidos, “fazendas”, à disposição dos clientes da Torre Eiffel: “cachemiras de pura LÃ, Pretas, Azues e de Côres, Padrões e tecidos DERNIER STYLE, Brins de Linho, Algodão, brancos e de côres, tecidos e padrões sempre NOVIDADES, Alpacas, Alpações, pretos e de côres, padrões e tecidos FANTASIAS”.
Naquele tempo, se Paris ajudou a fixar a moda feminina, a Itália ganhou destaque mundial no masculino, “embora sem deixar de ter marcas importantes no feminino”, emenda Marina Sofia, a filha caçula Designer de Moda, e estudiosa sobre o setor, a quem recorri para construir a sentença. O fato é que, em João Pessoa, os italianos comandaram as mais importantes alfaiatarias, na primeira metade do Século XX.
Alfaiataria Zaccara, Alfaiataria Cantisani, Alfaiataria Griza, com direito a sobrenome, para citar as que consegui levantar, foram algumas dessas oficinas de corte e costura masculina, na capital paraibana. Na verdade, o ramo foi uma das vertentes de empreendimento dos imigrantes chegados ao Brasil provenientes daquela península mediterrânea, a partir do final do Século XIX.
Foi no pós-guerra que começou o declínio das alfaiatarias, com o predomínio do prêt-à-porter em medida industrial, substituindo a medida perfeita, o acabamento manual, a relação próxima com o freguês e as peças para marcar momentos. O mundo pós-conflito exigia outro ritmo a ditar a moda masculina, os senhores da guerra em larga escala, ansiosos para fazer negócios.