As noites e dias da semana inteira do Centro de João Pessoa contavam com os bons préstimos gastronômicos de um memorável espaço de convivência e de lanches, no Ponto de Cem Reis. Falo do Ponto Chic, um dos dois pavilhões que existiam no formato antigo da Praça Vidal de Negreiros, até o início da década de 1970, quando foram derrubados em favor da edificação do Viaduto Damásio Franca.
Para recapitular o desenho do antigo Ponto de Cem Reis é preciso dizer que naquela praça havia dois pavilhões: um para o lado da Visconde de Pelotas (onde atuavam engraxates) e o outro, para o da Duque de Caxias, justamente o Ponto Chic. Enquanto isso, na parte central da praça estacionavam carros de aluguel ou carros de praça, os atuais táxis.
Chofer (do francês chauffeur) de praça era como se chamava o taxista de hoje. Voltando ao Ponto Chic, é justamente a recordação da lanchonete de “seu” Madruga que procuro trazer de volta, hoje. O lugar era centro de convergência a servir estudantes e trabalhadores. A meninada, do que a gente gostava mesmo, sem desfazer da deliciosa cartola, à base de banana frita, era da composição caldo de cana e cachorro-quente.
Nos tempos do Ponto Chic, a iguaria se limitava à carne moída e à verdura picada. Com o tempo, em João Pessoa, o negócio foi ficando mais sofisticado, sendo adicionado ovo de codorna, batata palha, ervilha, milho verde, azeitona, queijo e o que mais não couber: um verdadeiro almoço. Em frente ao pavilhão da Duque de Caxias, para o lado da praça, até início da década de 1960, paravam bondes de todas as partes da cidade. Isso fazia com que o local fosse ainda mais concorrido. Hoje, o Ponto Chic vive no imaginário, alimentado pelas lembranças. Não é mais um lugar físico, mas um território de saudades.
Na foto do corso, em tarde carnavalesca, na Duque de Caxias, o prédio mais imediato, à direita, é o do Ponto Chic.