Em 10 de outubro de 1969, o estudante paraibano João Roberto Borges de Souza apareceu morto no açude Olho d’Água, zona rural de Catolé do Rocha. Tinha 22 anos e a notícia encheu de tristeza e revolta os estudantes paraibanos.
O Brasil vivia o primeiro ano após a edição do AI-5, o chamado golpe dentro golpe, onde lideranças estudantis foram presas, torturadas, mortas ou empurradas para o exílio ou para a clandestinidade. A versão oficial falou em afogamento. O corpo, porém, foi encontrado com o rosto muito machucado e múltiplos ferimentos, segundo relatos da família e registros públicos. Moradores locais localizado o cadáver e acionado as autoridades.
João Roberto era aluno de Medicina da UFPB. Presidiu o Diretório Acadêmico Napoleão Laureano e foi vice-presidente da União Estadual dos Estudantes. Em 1968, participou do congresso da UNE em Ibiúna e foi preso.
Em 1969, teve os direitos estudantis cassados pelo Decreto 477, foi novamente detido e torturado no DOPS do Recife. Esses marcos mostram como a repressão mirou lideranças universitárias na Paraíba e no Nordeste.
As últimas horas conhecidas compõem um quadro de caçada política. Relatos de memória e bases institucionais apontam que ele foi sequestrado em 7 de outubro de 1969, em Catolé do Rocha, por agentes ligados ao Cenimar e ao CCC. A Comissão Nacional da Verdade e o Memorial da Resistência classificam o caso como morte causada por ação estatal em contexto de graves violações. O dossiê da Comissão de Mortos e Desaparecidos descarta como falsa a explicação de afogamento.
O nome de João Roberto nomeia uma rua em Camboinha, no município de Cabedelo, e outra no bairro de Macaxeira, na zona norte, do Recife, e faz parte dos memoriais sobre mortos e desaparecidos, expressando a política de perseguição do regime contra o movimento estudantil paraibano. https://www.instagram.com/p/DPnySAPjqdU/?igsh=MTZ5ZjFmeWYxYW84cw==