O comércio de João Pessoa até as décadas de 1950 e 1960
7, maio, 2025
Até as décadas de 1950 e 1960, o comércio de João Pessoa se concentrava nas ruas principais do atual Centro Histórico, nas partes alta e baixa da cidade. Era um cotidiano marcado pela proximidade entre comerciantes e fregueses, em um ambiente onde todo mundo parecia se conhecer.
Mercearias e pequenos armazéns e lojas dominavam a cena, oferecendo desde produtos de primeira necessidade — como arroz, feijão, açúcar, carvão e querosene — até artigos mais específicos, como tecidos e utensílios domésticos.
Em algumas lojas, especialmente nas mercearias (mas, não apenas), a compra era feita na base do “fiado”, anotada em cadernetas de confiança. O atendimento era personalizado: o dono do estabelecimento sabia o nome de cada cliente, suas preferências e até sua situação familiar.
A ideia de shopping center ainda era uma imagem distante que mal chegava aos ouvidos da população. Mesmo a noção de supermercado, com prateleiras de autosserviço, demoraria a se firmar.
No fim da década de 1950, João Pessoa viu surgir o Armazém do Norte, considerado o primeiro estabelecimento de porte maior na cidade, mas nada parecido com os shoppings de hoje em dia. Ainda assim, sua presença não quebrou a hegemonia dos pequenos comércios de bairro, que continuaram a ser o coração do abastecimento cotidiano.
A cidade, de ritmo mais lento e socialmente compacta, respirava os ares de um espaço urbano ainda dominado pela convivência direta, pelo contato pessoal e pelo comércio tradicional. Cada ida às compras era também um momento de encontro, de conversa, de troca de novidades – um elo essencial na vida urbana de então. Hoje, o cenário é outro.
O comércio de rua de João Pessoa se espalhou por várias zonas da cidade, acompanhando a expansão urbana e a mudança nos hábitos de consumo. Grandes redes, shoppings centers e supermercados assumiram o protagonismo, oferecendo conforto, variedade e rapidez. O autosserviço virou regra, e o atendimento personalizado cedeu lugar à praticidade impessoal. A cidade, como se diz, é outro departamento.
(Na foto, a Rua da República, entre as que ainda mantêm um interessante comércio à moda antiga)