quinta-feira, 21 de novembro de 2024

O Lins de Vasconcelos

10, fevereiro, 2024

Foi no Colégio Lins de Vasconcelos, que existiu em João Pessoa nas décadas de 1950, 1960, 1970 e parte da de 1980, onde cursei a 4ª série ginasial e o 1º ano científico. Antes disso estudei no Pio XII e, depois do Lins, no Lyceu Paraibano. Os dois primeiros ocupavam lados opostos na praça São Francisco, em frente ao Cruzeiro da Igreja de Santo Antônio, no conjunto franciscano. Falar do Lins é lembrar das figuras ímpares de professor Nery e dona Creusa, que assumem a maior importância em meio às memórias daquele educandário.

Mas também é impossível esquecer de Dona Maria, uma espécie de bedel altamente disciplinadora que até os donos do colégio hesitavam na hora de contrariar. O Lins adotava orientação laica, muito diferente do colégio do outro lado da praça, de orientação católica. Enquanto o Arquidiocesano tinha um papa, no caso o Pio XII (nascido Eugenio Maria Giuseppe Giovanni Pacelli, e que exerceu o papado entre 1939 e 1958), expressão máxima do catolicismo internacional, na denominação oficial do colégio, o Lins de Vasconcelos evocava um espírita, nascido em Teixeira-PB, e que ficou famoso nacionalmente.

O catolicismo era ensinado no Pio XII, o espiritismo não era matéria no Lins. Contudo, nenhuma das diferenças entre Lins de Vasconcelos e Pio XII desmereciam ou faziam merecer demais nem um nem outro. Eram, apenas, diferentes, já que disciplina os tornava absolutamente iguais. Foi no Lins de Vasconcelos onde pela primeira vez tomei conhecimento da tentativa de se criar uma língua universal, a ser falada por todos os povos do mundo: o esperanto. Versado no idioma criado artificialmente por um médico judeu de nome Ludwik Lejzer Zamenhof, o professor Neri fazia o maior esforço para ensinar a tal língua a seus alunos.

Não lembro, contudo, de nenhum dos estudantes do Lins que tenha se tornado craque em esperanto, justificada, sempre (por Neri), como uma saída possível no caminho da paz universal. Do Lins, saiu muita gente para os bancos da UFPB e da Universidade Autônoma, que estava sendo criada, na época, por ex-padres, hoje chamada de Unipê-Centro Universitário de João Pessoa. Dessa forma, não poderia deixar de inscrever o Lins de Vasconcelos nessas memórias pessoenses, em virtude de sua enorme representatividade na história da educação na capital paraibana.

(Foto, um tanto prejudicada pela resolução, do prédio em que funcionou o Colégio Lins de Vasconcelos)