De um artigo do saudoso jornalista paraibano Ascendino Leite, que viveu entre 1915 e 2010 (o suficiente para que eu o conhecesse, aqui mesmo em João Pessoa, embora ele tenha passado grande parte de sua vida no eixo Rio-São Paulo), publicado em 1934, no jornal A União, sob o título “O pardo Eliseu César”, extraí o parágrafo seguinte:
“Em Belém do Pará, onde desembarcou em 1901, agitou-se na política, ocupando, a golpes de audácia, as mais altas posições oficiais. Chegou até a se eleger deputado estadual e foi “leader” do governo! Era a vitória do talento, o triunfo da inteligência.”
Com efeito, Eliseu chegou a Belém, na largada do Século XX, com o diploma de advogado e um livro publicado na mala, além de uma gigantesca capacidade intelectual para escrever e discursar.
O Pará vivia ainda o boom da produção da borracha e a cidade estava sendo transformada por um dos mais famosos prefeitos de sua história (na época, intendente), um maranhense chamado Antônio Lemos.
Ao chegar a Belém, o paraibano foi trabalhar no célebre jornal A Província do Pará, onde rapidamente alcançou a chefia da Redação. As façanhas intelectuais de Eliseu César logo chamaram a atenção de Lemos, famoso por uma certa tendência higienista, mas esperto o suficiente para não deixar que escapasse de suas hostes tão fulgurante preto. Não tardou para o forasteiro virar secretário geral da Intendência de Belém e, na sequência, deputado provincial e líder do governo paraense.
A permanência de Eliseu César no Pará termina com a queda em desgraça do intendente, por volta de 1911 e 1912, quando ambos foram parar no Rio de Janeiro. Lemos faleceu em 1913, lá mesmo na capital da República.
O paraibano encerrou sua passagem pela Terra em 1923, também no Rio, não sem antes ser glorificado no centro do poder republicano como “sucessor de José do Patrocínio” e “Rui Barbosa Negro”. Sua morte repentina, ainda com 51 anos de idade, enlutou a capital do país.
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