quinta-feira, 3 de julho de 2025

O pioneirismo de Areia na libertação dos escravos

2, maio, 2025

Em sua edição de 29 de abril de 1888, o jornal Arauto Parahybano, com escritório e sede na Rua Duque de Caxias, na cidade de Parahyba (atual João Pessoa), publicava uma pequena nota, dias antes da assinatura da Lei Áurea, que somente se daria em 13 de maio de 1888.

A nota celebrava o fato de que Areia, cidade da então Província da Parahyba do Norte (atual Paraíba), se tornara oficialmente livre da escravidão, portanto, antes mesmo da abolição nacional. Tratava-se de uma iniciativa local e simbólica de resistência e avanço da causa abolicionista.

Convém explicar que, mesmo a poucos dias da assinatura da Lei Áurea, a luta abolicionista na Paraíba não parecia contar com essa possibilidade, assim, tão rapidamente. O jornal Arauto Parahybano, criado em 1887, se destacava na luta abolicionista, com editoriais e matérias em geral de forte combatividade.

Então, naquele final de abril, o Arauto publicava a nota, sob o título Areia Livre, a seguir transcrita na íntegra, com o português atualizado: “Já não possui escravos esta heroica cidade que é a primeira livre desta província; já está plantada a bandeira que contém esta sublime tríade, Liberdade, Igualdade e Fraternidade. A redação da Verdade distribuiu o seguinte boletim: ‘Nesta cidade não há mais escravos nem senhores. Os três últimos escravos que figuram na coletoria já receberam as cartas de liberdade.

A Câmara Municipal vai marcar dia para declarar o município livre oficialmente. Viva a primeira cidade livre da Provincia da Parahyba. VIVA A LIBERDADE!’”
A menção aos “três últimos escravos” que receberam cartas de liberdade evidencia o compromisso da cidade de Areia com o movimento abolicionista e destaca que, ali, não haveria mais senhores nem escravos. A Câmara Municipal se comprometia ainda a marcar uma data oficial para celebrar a conquista.

A decisão areense foi, portanto, um marco no processo de abolição da escravatura na Paraíba, mostrando como iniciativas locais se anteciparam à legislação nacional. Ao proclamar “Viva a liberdade”, o jornal reforça o papel da imprensa engajada como instrumento de transformação social.