Sendo Paulo Pontes uma das mais expressivas figuras da história artística e cultural paraibana, pela sua dimensão nacional, convém de vez em quando revisitarmos sua trajetória ao menos para não fique esquecido do grande público.
Entre 1964 e 1976, quando viveu no Rio de Janeiro, o ilustre paraibano produziu uma dramaturgia que ainda hoje se inscreve entre as maiores do setor, no Brasil, com destaque para Brasileiro Profissão Esperança, solo, e Gota d’Água, com Chico Buarque.
Convém saber que isso não aconteceu por acaso. Nascido em Campina Grande em 1940, Paulo Pontes teve uma vida bastante ativa no mundo cultural e artístico paraibano antes de se revelar para o público brasileiro.
Em 1959, ingressou na Rádio Tabajara e promoveu uma grande transformação na linguagem até então costumeira da emissora paraibana, com o programa Rodízio, que ia ao ar de segunda-feira a sábado, ao meio-dia.
Em sua dissertação de Mestrado, na USP, o professor Paulo Vieira, da UFPB, recupera a história do programa, que tinha como modelo a comédia de costumes, no qual pessoas comuns falavam sobre assuntos do dia a dia da cidade.
Sem rebuscados, os temas variavam entre custo de vida, preço dos remédios, educação dos filhos e assuntos correlatos. Então, a cara do povo ia ao ar do jeito que ela era. Em 1962, passou por João Pessoa a UNE Volante, sob a liderança de Oduvaldo Viana Filho, o Vianinha, que se encantou pela novidade, e convidou Paulinho para ir ao Rio de Janeiro apresentar seu ideário artístico.
Dois anos depois, houve a oportunidade, e Paulo Pontes desembarcou no Rio, e deu no que deu, se tornando um dos expoentes da cultura brasileira de todos os tempos. O gatilho foi Rodízio. Lembro o assunto nessas memórias que escrevo todos os dias, não apenas para lembrar a história, como para lamentar uma outra coisa: a falta de arquivo memorial de programas e vozes marcantes que passaram pela Tabajara.
De tal sorte, que se quisermos rever algum desses programas, como Rodízio — no caso, muitos, porque diários e no ar durante alguns anos —, o interessado terá de recorrer ás ondas hertzianas perdidas no espaço, pois não há arquivo da época. Tem condição? https://paraondeir.blog/o-rodizio-de-paulo-pontes/