Quando em 3 de novembro de 1889 o presidente da Província da Parahyba do Norte, o gaúcho Francisco Luiz da Gama Roza, inaugurou o Teatro Santa Roza, ele não tinha a menor ideia da queda do Imperador Dom Pedro II, que ocorreria dali a 12 dias.
Na verdade, coube-lhe o lugar histórico de entregar uma de nossas mais importantes obras culturais físicas, até os dias de hoje, construída ao longo de administrações provinciais anteriores, inclusive do conservador e monarquista Silvino Elvídio Carneiro da Cunha, o famoso Barão do Abiahy.
Aproveitou a chance para perpetuar na denominação da nova casa de espetáculos o “z” de seu sobrenome Roza. Então, ficou combinado que seria Teatro Santa Roza, o que ainda haveria de provocar ruidosas contestações, após o advento da República, mas sem consequências, pois o nome oficial ainda é o de origem.
A peça encenada na ocasião era um drama intitulado O Jesuíta ou O Ladrão de Honra, de Henrique Peixoto, figura que não alcançou projeção maior para chegar aos dias atuais. A peça se inscrevia em um momento no qual predominavam temas moralizantes na combalida Monarquia.
Outras tentativas de criar um teatro na capital paraibana ocorreram durante a segunda metade do Século XIX, inclusive no prédio que até recentemente serviu ao Comando Geral da Polícia Militar, entre as praças Aristides Lobo e Pedro Américo. Na atual Praça 1817, então Largo das Mercês, chegou a funcionar o Teatro Santa Cruz.
Nada, contudo, apaga a importância da obra, mais que secular e de forte presença na vida cultural, cívica, política e social pessoense, uma presença urbana bela, vistosa e atuante em pleno Século XXI, apesar de todos os percalços que experimentou durante a sua existência.
O ex-presidente João Pessoa chegou a cogitar a construção de outro teatro em lugar mais nobre, na parte alta da cidade, diante do que considerava má fama do Varadouro. Hoje é um prédio tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba (IPHAEP). Que siga respeitado.