domingo, 7 de dezembro de 2025

Os nobres paraibanos

13, novembro, 2025

Sérgio Botelho – A vinda de Dom Pedro II à Paraíba no Natal de 1859, além do prestígio dispensado à província, rendeu dois títulos nobiliárquicos a proprietários agrários: Flávio Clementino da Silva Freire, com atuação empresarial em Mamanguape, e José Teixeira de Vasconcelos, com engenho na Várzea do Paraíba.

Com efeito, em março de 1860, portanto, menos três meses depois da passagem real pelo estado, quando o imperador e a imperatriz foram hóspedes dos dois, em momentos diferentes da viagem, decretos imperiais nomearam o primeiro como Barão de Mamanguape e o outro como Barão de Maraú. (O Barão de Maraú chegou a ter mansão no espaço em que depois foi erguido o Paraíba Hotel, na atual Praça Vidal de Negreiros, mais conhecida como Ponto de Cem Reis).

Além desses dois, receberam títulos nobiliárquicos os paraibanos Estevão José da Rocha, grande proprietário na região do Curimataú, Diogo Velho Cavalcanti de Albuquerque, advogado e político influente, e Silvino Elvídio Carneiro da Cunha, proprietário na região do atual município do Conde. Estevão virou Barão de Araruna (titulado em 1871), Diogo, Visconde de Cavalcanti (em 1888), e Silvino, Barão do Abiahy (também em 1888).

Desse jeito, afora o Visconde de Cavalcanti, um título mais elevado, os demais eram barões, com status apenas acima de Fidalgo. À exceção do Barão de Araruna, os outros chegaram à Presidência ou à Vice-Presidência da Província da Paraíba do Norte. Barão do Abiahy e Visconde de Cavalcanti também presidiram outras províncias do Norte brasileiro, região que abrangia o atual Nordeste e a Amazônia, divisão administrativa que valeu até a década de 1930.

Na instalação da República, em novembro de 1889, todos esses títulos foram extintos. Mas os descendentes dos beneficiados continuaram a lembrar das graças imperiais como adorno de família, o que efetivamente lhes concedia algum prestígio social. Ainda hoje tem gente que faz o maior esforço do mundo para descobrir descendências nobres, que não valem absolutamente nada.

Foto de domínio público do Visconde de Cavalcanti, Diogo Velho Cavalcanti de Albuquerque.


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