domingo, 7 de dezembro de 2025

Pioneirismos femininos na Paraíba

19, novembro, 2025

Sérgio Botelho – Se hoje em dia as mulheres são maioria nas instituições superiores de ensino, no Brasil, até a primeira metade do Século XX minoria não seria bem o termo a ser utilizado com relação à presença feminina nas faculdades. Estar na Academia, para uma mulher, significava enfrentar isolamento.

Em cursos como Medicina, Direito e Agronomia aí é que a situação se tornava temerária, até. Nesses casos, enfrentar o banco universitário tinha todos os contornos de uma aventura, uma transgressão, uma ousadia sem tamanho.

Por isso, foi enorme a proeza de três mulheres paraibanas, na primeira metade do Século XX, que não apenas enfrentaram o vestibular e cursaram os anos de sala de aula, como concluíram seus cursos, em classes onde o restante da turma se compunha de homens de orientação elitista e conservadora.
Estou falando de Catharina Moura, Eudésia Vieira e Nyedja Nascimento que, respectivamente, e pela ordem cronológica, concluíram os cursos de Direito, Medicina e Agronomia. Não fica difícil imaginar as situações diárias que tiveram de encarar.

Cahtarina de Moura Amstein foi a primeira. Nascida na então Parahyba (atual João Pessoa), ainda no Século XIX, filha da professora Francisca Moura, nome de movimentada rua no Centro e de escola pública na capital, terminou o curso de Ciências Jurídicas na hermética Faculdade de Direito do Recife, no longínquo ano de 1912. E tem mais: com distinção e prêmio para passear na Europa.

Eudésia de Carvalho Vieira, natural de Serraria, ingressou na Faculdade de Medicina do Recife já com filhos e contrariando a vontade do marido. Graduou-se em 1934, sendo a única mulher de sua turma e a primeira paraibana a obter o diploma de Ciências Médicas e Cirúrgicas.

Nyedja do Nascimento Silva (a da foto que ilustra a matéria), nascida em Areia no dia 19 de novembro de 1826, com dificuldade potencializada pelo fato de ser negra e pobre, terminou Agronomia em 1945, sendo a primeira mulher a concluir esse curso na Paraíba. E tem mais: foi a primeira mulher a ensinar na Escola de Agronomia de Areia.

Três mulheres extraordinárias por viverem além das expectativas do seu tempo.


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