Completando o registro sobre os prédios históricos da arquitetura industrial paraibana, das primeiras décadas do Século XX, temos o que serviu de sede à empresa Abílio Dantas & Cia (que também tinha endereço na rua da Areia). Refiro-me aos localizados na parte final da Rua da República, já bem próximo do rio Sanhauá. O espaço era dedicado à prensagem e comércio do algodão, um dos produtos que mais impulsionaram a economia paraibana na primeira metade daquele século.
Tinha como vizinhas, de lado e de frente, pela ordem, a Indústria Vinícola Sanhauá e a Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo, hoje em dia, todos prédios em ruínas, mas alvos do poder público em possível processo de reforma e vitalização. Abílio Dantas & Cia tinha atuação significativa para além das divisas paraibanas, com filiais no Rio de Janeiro e Natal. No próprio estado, em Campina Grande e Itabaiana. Houve um tempo, no período áureo da produção e comércio algodoeiro, no estado, que a Abílio Dantas & Cia perfilava entre as grandes exportadoras do chamado ouro branco, para a Europa.
O que possibilitava o desempenho da empresa da qual estamos tratando era a decisão de seu proprietário em modernizá-la, equipando-a com maquinário de alta performance, como, por exemplo, a prensa de algodão hidráulica. Importa saber que a prensagem de algodão é uma etapa bem importante no processamento do algodão, após a colheita, envolvendo a compactação das fibras de algodão em fardos densos para facilitar o armazenamento e o transporte.
Com esse objetivo, a prensa hidráulica, que utiliza a pressão de um fluido para gerar força de saída muito maior do que a de entrada, fazia o diferencial. Confesso que sobre Abílio Dantas, como persona da vida pessoense, não consegui encontrar muitas informações. No entanto, achei registros de viagens e hospedagens em seu nome no circuito aéreo, marítimo e hoteleiro de Rio de Janeiro e de São Paulo, em jornais daqueles estados, que costumavam veicular esse tipo de informação.
Foi um dos contribuintes financeiros para a edificação de monumento em homenagem à memória de Francesco Matarazzo, em São Paulo. Enfim, aproveito para reforçar que todo aquele conjunto arquitetônico industrial em ruínas se encontra no perímetro urbano do Centro Histórico de João Pessoa, de tombamento rigoroso.