Em parte da década de 90 houve um ponto de encontro marcado por tertúlias regadas a whisky e cerveja e boa comida e obras de arte a serem apreciadas chamado Le Cordon Bleu. Ficava na Rua Duque de Caxias, segunda casa após o prédio onde funcionou o Conservatório de Música de João Pessoa (que mais antigamente ainda foi residência do Conselheiro Henriques), no primeiro quarteirão da Duque de Caxias.
Inaugurada com uma exposição do artista plástico Raul Córdula, como bem lembra a consultora de turismo Ana Gondim, era ao mesmo tempo bar, restaurante e galeria de arte. Foi uma existência efêmera, é verdade, mas deixou recordações. As rodadas de cerveja, whisky e tira-gostos esquentavam aos sábados pela manhã, entravam pela tarde e terminavam à noite.
Os proprietários, Lindolfo e Rejane, prezavam pela propagação da tradicional cozinha francesa, na capital paraibana, já que o nome dado ao empreendimento remete a uma de uma das mais importantes redes internacionais de ensino da culinária, com ênfase em sabores e técnicas francesas. Os níveis de seus cursos vão desde a licenciatura até a pós-graduação. (Há outra figura exponencial da sociedade pessoense, dos que me lembro, que tem curso em Le Condon Bleu.
Falo de Walter Aguiar, que foi proprietário do inesquecível Sagarana, motivo de outra crônica nossa para os próximos dias, e superintende do Sebrae). A disposição física interna de Le Cordon Bleu, em João Pessoa, apresentava dois espaços superpostos: o térreo e um mezanino. Jornalistas e políticos gostavam mesmo da parte térrea. A parte superior era mais apreciada pelos casais e pelas famílias. O local chegou a ser muito bem frequentado, apesar dos graves problemas de estacionamento, na Duque de Caxias e na Conselheiro Henriques. Quem fazia as vezes, na cobrança dos estacionamentos existentes – aliás, até os dias de hoje -, eram os chamados flanelinhas, donos e senhores absolutos do pedaço.
Histórias hilárias contadas pelo inesquecível médico Paulinho Soares, eu as ouvi aos montes em Le Cordon Bleu. Ele também fazia parte daqueles convivas, ao lado dos igualmente saudosos publicitários e jornalistas Milton Nóbrega, Martinho Moreira Franco, Jacinto Barbosa, Ricardo Anísio, Raimundo Nonato Batista, Ricardo Eduardo Lins Batista (filho de Raimundo Nonato), Erialdo Pereira e Nelson Coelho (quando a gente escreve essas crônicas acaba se convencendo mais dolorosamente de como a vida é fugaz, onde cada momento deve ser aproveitado ao máximo!).
Mas também dos vivíssimos Nonato Guedes, Agnaldo Almeida, Sílvio Osias, Rubens Nóbrega, Jackson Bandeira e Carlos Aranha. Mas um dia Le Cordon Bleu fechou. Sina dos restaurantes e bares que abrem e fecham pelos caminhos do Centro. Não sem antes sofrer um sinistro, na forma de um incêndio, com graves prejuízos ao empreendimento. Mas enquanto existiu, não faltou glamour.
(A foto mostra a casa onde funcionava o Le Cordon Bleu, a de parede meio desgastada, segunda casa à esquerda da imagem após o casarão da esquina Duque de Caxias com Conselheiro Henriques).