sábado, 7 de setembro de 2024

Rua Padre Lindolfo (quem foi ele?)

30, junho, 2024

Tendo em sua parte final os icônicos prédios da Capitania dos Portos e da antiga Codata (que, mais antigamente, serviu ao extinto Banco do Povo), há uma rua com traçado em forma de arco que une as perpendiculares e importantes ruas pessoenses Barão do Triunfo e Maciel Pinheiro. A referida rua, mais para uma travessa, onde funcionam algumas ‘oficinas’, tem o nome de Padre Lindolfo, e está inscrita no perímetro considerado de tombamento rigoroso da cidade de João Pessoa. Mas quem foi o Padre Lindolfo? Aí, temos de nos transportar para o Século XIX, pois foi naquele espaço de tempo que o dito clérigo construiu sua história.

O Padre Lindolfo Correia, que viveu entre os anos de 1819 e 1884, tem uma marca indelével na imprensa paraibana, pois foi o redator-chefe do primeiro jornal diário da cidade da Parahyba (atual João Pessoa), que circulou entre 1862 e 1866, sendo considerado um dos mais longevos diários do período monárquico brasileiro. O jornal era impresso na Tipografia de José Rodrigues da Costa (capítulo interessante na história pessoense), à época, muito atuante e cheia de serviços, a imprimir livros e outros jornais de circulação eventual (o jornal rodou até o ano de 1866, exatamente quando faleceu José Rodrigues da Costa).

Quando circulou o primeiro número, o Padre Lindolfo exercia a Provedoria da Santa Casa da Misericórdia, instituição à qual o dono do jornal (o mesmo José Rodrigues, da tipografia) também pertencia, assim como os demais redatores. Padre Lindolfo assumia uma posição política alinhada com os liberais, época em que conseguiu se eleger deputado provincial.

Seus textos no O Publicador foram, com frequência, dura e ironicamente contraditas pelo Bossuet de Jacoca, jornal de circulação incerta editado por Cardoso Vieira (“o que tem feito o padre? Tem criado jornais para atacar ao próximo. Cria-se um para atacá-lo”). O Padre Lindolfo ainda foi diretor dos jornais O Polimático e O Liberal, além de autor dos livros “Jesus Cristo e os filósofos”, “A vida humana”, “O plágio” e “Ensaios Filosóficos”, segundo registra o site da Academia Paraibana de Letras, na qual figura como patrono da Cadeira 28.


Parte final da rua Padre Lindolfo, entre a Capitania dos Portos e a antiga Codata.