quarta-feira, 8 de maio de 2024

Será que “o pau que bate em Chico bate (realmente) em Francisco”?

11, novembro, 2022

Transcrevo, hoje, um texto do presidente do Pombal Esporte Clube, Teófilo Júnior, acerca do imbróglio a que me referi, na coluna da semana passada, sobre os estádios-sede dos jogos do campeonato paraibano da 3ª divisão:
“O pau que bate em Chico também bate em Francisco”.
Teófilo Júnior

Indiscutivelmente a situação administrativa dos estádios de futebol da Paraíba precisa urgentemente sair da posição de impedimento e entrar no jogo de uma vez. Um Estado ou um município que não consegue gerir, minimamente, as instalações de um estádio de futebol precisa repensar seu papel de gestor público.

É cediço que a nossa Carta Magna de 1988 impôs como dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não formais ao conceituar como direito do cidadão o acesso ao esporte. Portanto, o futebol da Paraíba não está mendigando um favor, trata-se de um direito de todos a participação na construção do esporte em geral.

Nada contra as exigências dos órgãos fiscalizadores no fiel cumprimento dos TACs firmados e alguns não cumpridos em sua totalidade, sobretudo, no que tange a segurança dos torcedores. Entrementes, o pobre e calejado futebol paraibano não pode ser penalizado sob os auspícios de compromissos por outros assumidos e não cumpridos. Para isso, há um cabedal de medidas judiciais a espera de serem manejadas. Ora, com a devida vênia, interditar completamente um estádio de futebol no interior da Paraíba ou seja lá onde for, inclusive, proibindo o acesso ao campo de jogo e aos vestiários, sob o argumento de possível insegurança dos torcedores, nos parece uma medida que visa muito mais sepultar a possibilidade de se praticar futebol na Paraíba que pressionar gestores públicos.

Conhece futebol quem faz futebol, quem vivencia suas dificuldades, angustias e construção de sonhos. Conceitos como equidade, bom senso e razoabilidade não podem estar dissociados da realidade de um futebol que é feito de pires na mão e sem grandes patrocínios. A completa interdição de um estádio e de seu campo, o qual sequer receberá público, nos parece uma medida extrema e que afeta sobremaneira o clube muito mais que o Estado ou município. Não se pode, nesse particular, igualar a responsabilidade de um pequeno clube com o compromisso estatal. Como se sabe, o princípio da igualdade pressupõe que os entes colocados em situações diferentes sejam tratados de forma desigual, não nos parece razoável o adágio referido pelo Dr. Valberto Lira que “o pau que bate em Chico também bate em Francisco”.