Transcrevo, hoje, um texto do presidente do Pombal Esporte Clube, Teófilo Júnior, acerca do imbróglio a que me referi, na coluna da semana passada, sobre os estádios-sede dos jogos do campeonato paraibano da 3ª divisão:
“O pau que bate em Chico também bate em Francisco”.
Teófilo Júnior
Indiscutivelmente a situação administrativa dos estádios de futebol da Paraíba precisa urgentemente sair da posição de impedimento e entrar no jogo de uma vez. Um Estado ou um município que não consegue gerir, minimamente, as instalações de um estádio de futebol precisa repensar seu papel de gestor público.
É cediço que a nossa Carta Magna de 1988 impôs como dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não formais ao conceituar como direito do cidadão o acesso ao esporte. Portanto, o futebol da Paraíba não está mendigando um favor, trata-se de um direito de todos a participação na construção do esporte em geral.
Nada contra as exigências dos órgãos fiscalizadores no fiel cumprimento dos TACs firmados e alguns não cumpridos em sua totalidade, sobretudo, no que tange a segurança dos torcedores. Entrementes, o pobre e calejado futebol paraibano não pode ser penalizado sob os auspícios de compromissos por outros assumidos e não cumpridos. Para isso, há um cabedal de medidas judiciais a espera de serem manejadas. Ora, com a devida vênia, interditar completamente um estádio de futebol no interior da Paraíba ou seja lá onde for, inclusive, proibindo o acesso ao campo de jogo e aos vestiários, sob o argumento de possível insegurança dos torcedores, nos parece uma medida que visa muito mais sepultar a possibilidade de se praticar futebol na Paraíba que pressionar gestores públicos.
Conhece futebol quem faz futebol, quem vivencia suas dificuldades, angustias e construção de sonhos. Conceitos como equidade, bom senso e razoabilidade não podem estar dissociados da realidade de um futebol que é feito de pires na mão e sem grandes patrocínios. A completa interdição de um estádio e de seu campo, o qual sequer receberá público, nos parece uma medida extrema e que afeta sobremaneira o clube muito mais que o Estado ou município. Não se pode, nesse particular, igualar a responsabilidade de um pequeno clube com o compromisso estatal. Como se sabe, o princípio da igualdade pressupõe que os entes colocados em situações diferentes sejam tratados de forma desigual, não nos parece razoável o adágio referido pelo Dr. Valberto Lira que “o pau que bate em Chico também bate em Francisco”.