A lembrança marcante da professora Adélia de França, motivo de minha crônica desta quarta-feira, 20, me fez recordar ainda da antiga Sorveteria Tropical, que existiu em prédio defronte da escola de Dona Adélia, na Almeida Barreto. A Tropical, durante bom tempo, especialmente entre a década de 1970 e início da de 1980, foi ponto de atração da sociedade pessoense, de todos os quadrantes de uma cidade que seguia ampliando seu espectro urbano.
Para falar da Tropical, tem de destacar seu proprietário, Manoel da Silva, que, durante a década de 1960, vendia congelados nas portas dos colégios da cidade. Na sequência, conseguiu o prédio da Almeida Barreto e montou sua sorveteria. A Tropical caprichava no uso de frutas locais, mais comuns nas estações próprias da região. Tinha sorvete de manga, de limão, de pinha, de graviola, de goiaba, todos feitos com esmero de quem amava a profissão.
Pessoalmente envolvido, ele sabia misturar corretamente os ingredientes, observando técnicas adequadas e, claro, muita paciência para acertar o equilíbrio de textura, sabor e cremosidade. No entanto, a chegada definitiva de marcas nacionais e internacionais (a Kibon já operava no eixo Rio-São Paulo desde a década de 1950) ao mercado de João Pessoa trouxe uma concorrência mais acirrada para as sorveterias locais. Essas grandes redes possuíam maior capacidade de investimento em marketing, infraestrutura e variedade de produtos, o que influenciou na redução da clientela de estabelecimentos tradicionais, como a Sorveteria Tropical.
Além disso, mudanças nos hábitos de consumo, expansão cada vez maior da urbe e a busca por novas experiências gastronômicas também contribuíram para esse cenário competitivo. Apesar do fechamento, a Sorveteria Tropical deixou saudades entre os moradores pessoenses, sendo lembrada por sua contribuição à gastronomia local e pelos momentos de lazer que proporcionou.
A foto foi postada no Facebook por Maria Salomé de Luna, no grupo Paraíba fotos e fatos antigos, retratando flagrante da Sorveteria Tropical, em 1981.