sábado, 18 de maio de 2024

Tércia Bonavides e o Instituto Santa Terezinha

24, fevereiro, 2024

O foco de hoje no Parahyba e suas Histórias se volta para o Instituto Santa Terezinha, comandado por décadas pela professora Tércia Bonavides, formando gerações sucessivas da gente nascida na capital paraibana, mas também de outra gente vinda de diversas regiões do estado para João Pessoa. A escola de dona Tércia Bonavides basicamente preparava os alunos até o exame de admissão, a permitir o ingresso no antigo ginásio.

Dona Tércia carregava no nome, além do Bonavides, o Lins, de José Lins do Rego, e o mesmo Lins, de Cora Coralina, extraordinária poetisa goiana filha de um paraibano de Areia, da família Lins. Sem esquecer outro velho companheiro de Pio XII, de geração posterior à de dona Tércia, o saudoso poeta Lúcio Lins. O estilo pedagógico comandado por dona Tércia Bonavides era o de unidades educacionais particulares, familiares, voltadas para o ensino primário, onde todas as séries funcionavam num mesmo galpão, divididas em mesas específicas. Tinham o reconhecimento oficial do Estado.

Existem, relevante anotar, diversos especialistas em Educação que ainda hoje defendem esse método de misturar as séries, num mesmo espaço físico, adotado por dona Tércia Bonavides e outras professoras da época. Na mistura, uns ajudam os outros em um processo no qual o docente exerce papel de indutor, aproximando alunos com ritmos de aprendizagem próprios e conhecimento adquirido diferente. Dona Tércia Bonavides não comandava a escola sozinha, já que outras duas irmãs suas, Maria de Lourdes e Maria da Conceição, participavam da direção e do ensino do Instituto Santa Terezinha.

Segundo depoimentos de ex-alunos, havia preocupação singular, para os padrões de hoje, com a disciplina, daí a fama de professora durona granjeado por dona Tércia e suas irmãs. No Instituto Santa Terezinha, as professoras não brincavam. Segundo relatos saudosos, embora o disciplinamento não se desse mais por meio de palmatórias, de vez em quando, porém, cabia um beliscão ou um castigo qualquer de cunho pedagógico.

Dona Tercia Bonavides, que viveu até os 79 anos, falecendo em 1982, foi muito homenageada ainda em vida, e seus ex-alunos se contam às centenas, tendo grande parte deles exercido ou a exercerem, ainda, papel de destaque político, social e econômico. Nossa heroína educacional dá nome, em João Pessoa, a uma escola pública (Escola Estadual de Ensino Fundamental Professora Tércia Bonavides Lins), no bairro do Valentina, além de uma rua no bairro do Geisel. Contudo, muito certamente, merecia mais, bem mais, ela e outros professores e professoras que, um dia, pontificaram na educação pessoense. Mereciam um museu da história da educação na capital paraibana.

(A foto reproduz a capa de antigo livro destinado ao Exame de Admissão ao Ginásio, que vigorou no país entre 1931 e 1971)