Um pioneiro e corajoso manifesto feminino na Paraíba
30, julho, 2025
Sérgio Botelho – Na sessão solene de janeiro de 1913, no Teatro Santa Roza, para criação da Universidade Popular (sobre a qual falamos semana passada), havia duas mulheres convidadas: Catharina Moura e Ângela Moreira Lima. Na ocasião, ficou decidido que os intelectuais presentes se encarregariam de uma série de conferências abordando temáticas acadêmicas diversas.
Na data que lhe coube, a doutora Catharina defendeu corajosa tese (embora precavida), sobre os Direitos da Mulher, publicada, na íntegra, por A União. Doutora, porque um ano antes, Catharina já virara motivo de muita admiração por ter sido a única mulher formada em Direito na vetusta Faculdade de Direito do Recife (na foto), com nota final na categoria da Distinção, e consequente passeio pago na Europa.
Catharina Moura (1882-1955) casou-se com o suíço Alfredo Eduardo Amstein (1887-1948), que também ensinou no Lyceu Paraibano, filho do cônsul da Suíça, em Recife. Da união, houve três filhos, sendo duas mulheres e um homem (que faleceu ainda muito novo), segundo registra sua biografia publicada pela Academia Parnaibana de Letras. Em Parnaíba, onde teria vivido entre 1922 e 1927 (época em que já era casado com Catharina), Amstein se destacou na docência, tendo participado, naquela cidade piauiense, da criação do Ginásio Parnaibano e da Escola Normal, sendo, inclusive, nome de rua, no Centro da cidade.