sábado, 18 de maio de 2024

A herança cultural da Tabajara

22, março, 2024

A história da emissora radiofônica oficial do estado aponta que ela foi inicialmente chamada de PRI-4-Rádio Difusora, logo depois virou Tabajaras, e na sequência foi retirado o ‘s’, ficando só PRI-4-Rádio Tabajara da Paraíba. (O prefixo PRI, no caso, por força de protocolo a identificar a Rede Pública de Radiodifusão Internacional, criado à época). Tudo isso aconteceu em 1937, no governo do interventor Argemiro de Figueiredo (1935-1940).

Na oportunidade, o estado foi beneficiado pela doação, sem ônus, de todo o equipamento da Rádio Clube da Paraíba, iniciativa pioneira da família Monteiro, do Róger, datada de 1931. O interesse de Argemiro era a política, sobretudo, pois, assim como o presidente Getúlio Vargas, lá no Distrito Federal, o paraibano enxergava o rádio, aqui na Paraíba, como forte instrumento de propaganda política. E assim o foi.

Contudo, relendo material jornalístico da época, especialmente do jornal A União, é possível perceber o enorme papel de catalisadora cultural desempenhado pela rádio Tabajara nas décadas de 1930, 1940 e 1950, especialmente. Não somente pela vinda à Paraíba de estrelas da música nacional, e até internacional, sob o comando do icônico apresentador Pascoal Carrilho, conforme também já comentamos em texto passado, mas sobretudo pelo espaço que abriu à nossa própria cultura, por meio de cantoras, cantores, atrizes e atores que fizeram do velho auditório da rádio, na rua Rodrigues de Aquino (famosa rua da Palmeira) e do seu estúdio, benéficos ambientes de propagação de arte produzida na Paraíba.

Cantores e bandas e orquestras utilizaram o espaço da rádio e suas ondas hertzianas para democratizar seus trabalhos que tanto mais ouvintes tinham quanto mais aparelhos de rádio (e, ainda, de auto falantes espalhados pela cidade) fossem sendo adquiridos pela população. A maior expressão do que a Tabajara criou nesse campo foi a Orquestra Tabajara, de Severino Araújo, já devidamente registrada em nossa série Parahyba do Norte e suas Histórias.

Afora isso, pelo seu estúdio e auditório passaram outros grupos de jazz e artistas locais como Marluce Pessoa, maestro Olegário de Luna Freire, Von Sohsten (pouco antes da oficialização da rádio, criadores dos Batutas de Jaguaribe), o pianista Manoel Tenório, os cantores Nelie de Almeida, José Ramos, Jorge Tavares, Seunat Silva, Milton Fagundes, Jota Monteiro, Ivone Peixoto, Judite Pessoa, Anita Ribeiro, Horácio Polari, Dias Pinto, Orlando Vasconcelos, Jaci Cavalcanti e Jaime Bezerra.

No rádio-teatro, Cilaio Ribeiro, Péricles Leal, Ednaldo do Egypto e outras e outros. Boa parte dessa gente formava o elenco artístico da Tabajara que fazia sucesso no Santa Roza, no Plaza ou no auditório do Grupo Escolar Antônio Pessoa ou no do Lyceu Paraibano, seja lá aonde fossem se apresentar. A Tabajara foi um clarão enorme a iluminar a cultura paraibana, até os dias de hoje.