sábado, 20 de abril de 2024

Aspectos culturais e jurídicos do xadrez

4, março, 2022

Um leitor me manda “e-mail” em que diz haver estranhado o nome do nosso maior escritor, Machado de Assis, num torneio de xadrez realizado aqui em João Pessoa.

Poucos sabem, mas o mestre Machado jogava xadrez – e bem! O autor de “Dom Casmurro” participou do 1º torneio de xadrez disputado no Brasil, em 1880, disputado na residência de um senhor chamado Arthur Napoleão, que registrou o feito em sua seção (era o nome para coluna, na época) na “Revista Musical”, de 17 de janeiro de 1880.
O xadrez chegou ao Brasil em 1808, e foi implementado por Dom João VI. Sua majestade tinha um amor e um denodo especial por tudo o que enriquecesse a mente. Não é à toa que, fugindo de Napoleão, trouxe, no navio no qual embarcou para o Brasil, uma caravana de artistas de todos os matizes e incrementou, sem dúvida, a cultura do país.

De quebra, ainda implantou a imprensa, o que, sem dúvida, contribuiu, enormemente, para a independência do nosso país.

No Brasil, o esporte recebe bastante atenção, devido ao potencial pedagógico. Por isso, existem inúmeros projetos para a inclusão dessa prática nas escolas públicas. Na Paraíba, em termos de Rede oficial, não conheço iniciativas nesse sentido. A coluna está aberta às autoridades do ensino oficial do estado para mandar alguma comunicação nesse sentido. Nas escolas particulares, são poucos os colégios que colocam o xadrez nos jogos escolares internos. Lembro que meu filho mais novo, quando frequentava o Ensino médio, participou de diversos torneios internos no GEO, nos quais chegou a ser campeão em alguns. Havia, também, torneios externos, envolvendo diversos colégios, mas deles nunca mais tive notícia. A coluna também está aberta a comunicados de escolas particulares acerca da existência de programas de incentivo ao xadrez, torneios, etc.

Aí, bateu saudade do Colégio Estadual de Jaguaribe (hoje, deve se chamar EEEM Fulano de Tal), pelo qual fui vice-campeão dos Jogos da Primavera, em 1972 ou 1973 (equipe). O incentivo ao xadrez, naquele colégio, era extremo. Lembro que tinha um colega chamado Geraldo Pantera, que era um ás. A defesa preferida dele era a Karo Kan. Não é todo mundo que sabe usar jogar com essa defesa. A única vez em que joguei com ele, nos jogos individuais, pelo torneio interno do educandário, me tremi todo. E, é claro, perdi.

Falando, enfim, do aspecto legislativo, existe um PL: 5.840/2016, que é, sem dúvida, um passo significativo para o reconhecimento do xadrez como jogo mental. A legitimação da modalidade como esporte da mente, em 2016, pela Câmara dos Deputados (seguiu para o Senado) deve ser interpretada como um grande avanço na trajetória da regulamentação dessa atividade.

E que as escolas da Paraíba cultivem o xadrez, não como entretenimento para os intervalos, em tabuleiros no pátio, sem a menor condição de concentração e seriedade, mas como esporte, porque é assim que deve ser tratado.