A Revolta do Quebra-Quilos, ocorrida entre 1874 e 1875, foi um movimento marcante do período imperial brasileiro, tendo Campina Grande, na Paraíba, como epicentro, depois se espalhando por Pernambuco, Rio Grande do Norte e Alagoas. A revolta, liderada por João Carga D’Água (hoje nome de rua em Campina), surgiu como reação popular contra a adoção do sistema métrico decimal, que substituiu medidas tradicionais utilizadas no cotidiano das feiras e mercados. Essa mudança, vista como complexa e prejudicial, especialmente para pequenos agricultores e comerciantes, gerou desconfiança e descontentamento em um contexto de crescente opressão fiscal e social.
Em Campina Grande, importante centro comercial da Paraíba, as feiras desempenhavam papel central na economia local. A introdução das novas medidas impactou diretamente os negócios, gerando a percepção de que os pequenos produtores e consumidores estavam sendo lesados em benefício dos grandes comerciantes e das autoridades fiscais. A insatisfação foi agravada por outros fatores, como o aumento da carga tributária e a obrigatoriedade do pagamento de novos impostos, em um momento de dificuldades econômicas decorrentes de secas e crises no sertão nordestino.
Os revoltosos se mobilizaram na destruição de balanças, pesos e demais instrumentos de medição nas feiras. A cidade se tornou símbolo da resistência contra o que era percebido como abusos do governo imperial, com os revoltosos ampliando suas demandas para criticar a exploração fiscal e o sistema político que favorecia as elites urbanas. A repressão ao movimento em Campina e nos demais estados nordestinos foi brutal, com tropas imperiais enviadas para conter os protestos.
Prisões e torturas marcaram a resposta do governo, deixando um rastro de violência e medo em meio à população local. Apesar disso, a Revolta do Quebra-Quilos deixou um legado de resistência e memória na cidade, representando a luta das camadas populares contra as injustiças sociais e as desigualdades. Dessa maneira, o acontecimento é parte da memória local como marco da luta por direitos em cenário excludente.