quinta-feira, 3 de julho de 2025

Catharina “Paraguaçu”

29, maio, 2025

Ainda hoje não é possível falar que os direitos da mulher estejam sendo convenientemente respeitados. Portanto, a luta pela igualdade de gênero continua e não é das mais fáceis. Imagine na Paraíba do início do Século XX onde as dificuldades eram muito maiores. Contudo, havia mulheres que, com um cuidado enorme, para não serem acusadas, no mínimo, de anticristãs, se aventuravam na defesa dos direitos femininos. Uma dessas mulheres foi Catharina Moura, filha da professora Francisca Moura (a mãe, nome de histórica rua no Centro da capital paraibana), e que residiram onde hoje funciona a Câmara dos Dirigentes Lojistas de João Pessoa, na rua Treze de Maio, de frente para a rua Arthur Aquiles.

Catharina Moura, que chegou a assinar artigos em A União, com o pseudônimo de Paraguaçu (certamente para referenciar a mítica esposa do famoso náufrago português, Diogo Álvares Correia, o Caramuru, batizada no cristianismo como Catarina Paraguaçu, e tida como uma das “mães” do povo brasileiro), ousou concluir o curso de Direito na Faculdade de Direito do Recife, em meio a uma estudantada masculina, em 1912, com direito a viagem pela Europa, como prêmio pelo seu brilhante e laureado desempenho acadêmico.

Um ano depois, em 1913, durante o governo Castro Pinto (1912-1915), participou ativamente, junto com outras companheiras, em favor da criação, em João Pessoa, da então chamada Universidade Popular. Em meio à missão, defendeu corajosa tese, embora precavida, sobre os Direitos da Mulher, que acabou publicada, na íntegra, por A União.

Segundo o verbete a ela dedicado pelo “Pequeno Dicionário dos Escritores/Jornalistas da Paraíba do Século XIX: de Antônio da Fonseca a Assis Chateaubriand”, ela ensinou Português, Desenho, Francês, e História da Civilização, na Escola Normal (onde fora diplomada professora normalista em 1902).
Atuações como a de Catharina Moura acabaram inspirando a criação da Associação Paraibana para o Progresso Feminino, em 1933, vinculada a um movimento nacional liderado por Bertha Lutz, que lutou principalmente pelo direito da mulher em se educar, uma dificuldade estúpida vivida pelas mulheres naqueles tempos.