sexta-feira, 21 de março de 2025

Danças proibidas nos carnavais de clube pessoenses

6, fevereiro, 2025

Nas décadas iniciais do Século XX, o carnaval de João Pessoa atravessou momento curioso com a proibição do tango, do foxtrote, do maxixe e de outros ritmos então em voga, nos clubes da cidade. A medida refletia o forte moralismo vigente e a preocupação de setores conservadores com os costumes da sociedade.

O tango, importado da Argentina, o maxixe, brasileiro, e o foxtrote, norte-americano, eram consideradas danças muito sensualizadas, ameaçando os valores tradicionais defendidos pelas autoridades. A Igreja, com grande influência sobre a população, condenava esses ritmos, argumentando que poderiam levar a comportamentos inapropriados.

No entanto, mesmo com as proibições, o tango, o maxixe e o foxtrote eram dançados nos clubes, muitas vezes de maneira disfarçada ou mais aberta, quando as tensões se dissipavam ao sabor da animação geral. Bailes particulares e festas reservadas para pequenos grupos já burlavam as restrições, e a popularidade desses ritmos entre a elite urbana impedia uma repressão mais severa.

Em alguns casos, as orquestras tocavam músicas consideradas aceitáveis, mas os pares ensaiavam pelo salão passos de tango, maxixe e foxtrote, desafiando as normas impostas. Aos poucos, essas restrições perderam força, e esses ritmos passaram a vigorar com mais liberdade pelos clubes até cederem lugar a outras novidades.

No Brasil, por exemplo, ritmos como o samba, o frevo e o coco foram, em diferentes momentos, malvistos por setores da sociedade que associavam seus movimentos e batidas a uma suposta falta de decoro ou à marginalidade. Essa mesma lógica se repetiu com a chegada do rock nos anos 1950, despertando reações conservadoras que tentavam enquadrá-lo como ameaça à juventude e à ordem social.

E como esses surtos de moralidade sempre retornam, de alguma forma, a bola da vez é o funk. Em resposta, ganhou um bloco com milhares de foliões no já iniciado carnaval carioca, que, há poucos dias se agigantou nas ruas do Rio.

Clubes, como o dos Diários (foto), inaugurado em 1926, tinham que vigiar certas danças.