Sérgio Botelho – Se há um músico em voga no Brasil, ainda hoje, mesmo depois de morto, ele se chama Jackson do Pandeiro. Os principais compositores e cantores brasileiros não cansam de repetir que se sentem inspirados pela sua arte.
O moderníssimo grupo paulistano Barca dos Corações Partidos, que dia desses se apresentou de forma memorável em João Pessoa, faz um sucesso tremendo no Brasil, com as músicas de Jackson, numa dramaturgia que ostenta a assinatura do paraibano Bráulio Tavares
Chico Buarque de Holanda, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Lenine, Alceu Valença, Zé Ramalho, Tom Zé, Hermeto Pascoal, Dominguinhos e Herbert Viana são alguns dos artistas que veneram a herança do paraibano. Chico Buarque o incluiu na letra de “Paratodos”. A frase ficou célebre. “Use Dorival Caymmi. Vá de Jackson do Pandeiro.” A canção contribuiu para entronizar Jackson ainda mais firmemente no panteão da música popular.
O nosso conterrâneo nasceu em Alagoa Grande no dia 31 de agosto de 1919, quando foi batizado com um nome que não tem nada a ver com o que lhe garantiu a fama eterna. Ele se chamava na verdade José Gomes Filho. Segundo narrava, apaixonado por faroestes, quando menino, passou a se chamar “Jack”. Lembrava que tirou o apelido dos heróis do cinema mudo. Em Campina Grande os colegas o batizaram de “Zé Jack” e “Jack do Pandeiro”.
Então, já artista de rádio, em Recife, o locutor e diretor Ernani Séve, da Rádio Jornal do Comércio, achou que “Jack” soava curto no anúncio e apresentou o artista como “Jackson do Pandeiro”. Pronto, ganhou a eternidade.