quinta-feira, 25 de abril de 2024

O craque deputado

24, junho, 2022

Quem o viu jogar garante que tinha um estilo elegante, mas bastante objetivo em busca do gol. Seus chutes, geralmente certeiros, infernizavam os adversários; seus dribles, idem. Raros são os centroavantes assim. Diz-se que, além da elegância no trato com a bola, executava “bicicletas” perfeitas. Seu nome: Zéu Palmeira: “presidente” eterno do Esporte de Patos, nas décadas de 1950 e 1960; “dono” do time e autor de uma proeza ímpar na história do futebol: conciliou o cargo de deputado estadual com a posição já referida, no alvirrubro patoense.

Sim, verdade! Atuava na Assembleia legislativa da Paraíba e, concomitantemente, disputava partidas pelo seu time de coração, a quem dedicou uma vida. Atuou, ainda, no Treze e Náutico (PE). Isso sem contar que fez história, também, como empresário do ramo de transportes no estado: era dono, juntamente com o sócio, Ivan Lucena, da Ipalma, a primeira empresa de transportes intermunicipal sediada em Patos e uma das principais da Paraíba, na década de 1960. Os ônibus, geralmente Mercedes e com carroceria Ciferal, ostentavam o vermelho e branco: as cores do “patinho”, “o terror do sertão”.

Além de Zéu, os Palmeira legaram ao futebol paraibano outros craques: Beca; Tininho; Batuel; e o lendário Celimarcos, um dos maiores goleiros da Paraíba.

Em entrevista a mim, em 2015, o ex-craque, na época com 82 anos, lamentava a situação do futebol paraibano, causada principalmente pela falta de dedicação e empenho, principalmente dos atletas, elementos que, segundo ele, caracterizavam a época em que ele jogava.

Faleceu em 2019, na cidade de Patos, sua terra natal.

(Esta matéria foi publicada, originalmente, no jornal Correio da Paraíba, em 1º de junho de 2015, fruto de entrevista feita por mim, na casa dele. Aqui, obviamente, com algumas adaptações).

ZÉU NA POLÍTICA

Além de deputado estadual, Zéu Palmeira chegou a ser candidato a prefeito de Patos, em 1968, quando, ao lado de Edivaldo Mota, enfrentou o médico Olavo Nóbrega, e este saiu vencedor. Foi uma campanha bastante acirrada, em que Zéu usou o epíteto “Pé de Poeira”, por ter o apoio maciço da classe mais pobre, incluindo a torcida do Esporte Clube de Patos, que sempre foi um time de massa, contrastando com o rival, Nacional, considerado “time de elite”.

Se o leitor me permite uma digressão, há uma história interessante, envolvendo Esporte, Nacional, política, eu, o caçula da casa, e meu irmão mais velho, Virgílio Trindade. Na campanha para prefeito aludida, Virgílio era candidato a vereador pelo MDB, partido de Olavo; eu, então com 11 anos, era entusiasta da campanha de Zéu, ao lado de minha mãe, partidária deste e de Edivaldo, ambos da ARENA. Virgílio era técnico do Nacional, e eu, fanático torcedor do Esporte.