sexta-feira, 29 de março de 2024
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O que a ‘Lei de Gérson’ tem a ver com a Série B do Campeonato Brasileiro?

6, junho, 2021

Muitas pessoas já devem ter ouvido falar da “Lei de Gérson” ou “Lei da Vantagem”. A origem da famosa lei remonta da metade da década de 1970, quando, numa propaganda do cigarros Vila Rica, o ex-jogador Gérson falava algo assim:

“É difícil dizer por que se gosta de um bom cigarro, certo? Por que pagar mais caro se o Vila me dá tudo aquilo que eu quero de um bom cigarro. Nós temos que levar vantagem em tudo, certo?”

Sem querer, Gerson ficou estigmatizado por supostamente tentar levar vantagem em tudo. E já expressou a sua revolta por causa dessa indesejável fama fora das quatro linhas:

“Levaram para o lado pejorativo da coisa, de levar vantagem, passar a pessoa para trás. A minha vida foi dentro de um estádio de futebol com cento e tantas mil pessoas. Todo mundo conhece, tá certo? Isso aí não me prejudicou porque todo mundo que me conhece sabe quem eu sou. Mas pegou mal. Porque eu nunca passei ninguém para trás”, disse o Canhotinha de Ouro, atual comentarista de rádio.

Pois esses dias um outro episódio foi relembrado pela Folha de S.Paulo que, de alguma forma, guarda semelhanças com a Lei de Gerson. E o personagem foi o mesmo Gerson.

Disse a Folha numa reportagem sobre rebaixamento para a Série B:
“O primeiro grande clube brasileiro a cair para a segunda divisão nacional foi o Fluminense, em 1996. O rebaixamento foi um escândalo. Além da busca por culpados, iniciou-se um movimento para evitar que o time disputasse a Série B, o que, para dirigentes e torcedores, seria humilhante. O ex-jogador Gerson, ídolo tricolor e então comentarista da Band, disse ao vivo que o Fluminense não tinha de virar a mesa e sim, quebrá-la. O clube não disputou a Série B em 1997 por causa da descoberta de um esquema de arbitragem que ficou conhecido como “caso Ivens Mendes”. Mas a cena do presidente da agremiação, Álvaro Barcellos, abrindo uma garrafa de champanhe para comemorar a permanência na elite daquela forma entrou para a história. Dois anos mais tarde, a equipe disputou a Série C”.

Acho que Gerson – um dos maiores jogadores da história do futebol brasileiro – não merece ser acusado de nada, mas o fato é que vivemos em um país em que muitas vezes os valores se invertem, cidadãos imorais se tornam paladinos da moralidade, enquanto cidadãos de ilibada moral e reputação (como é o caso de Gerson), podem cair na vala comum.

Até herói vira bandido e vice-versa.