Costumo frequentar o Shopping Sebrae; mormente às quartas, sextas e sábados. Lá é o refúgio da minha alma. Local amplo, ventilado, as mesas com boa distância umas das outras (não são “entrempadas” com as dos demais shoppings).
Sento, invariavelmente, à mesma mesa, de onde observo (a observação é fundamental para qualquer cronista e o que se passa em derredor seu material de inspiração), detalhadamente, os gestos e o comportamento das pessoas.
A maioria dos funcionários (e frequentadores) de lá gosta de mim. Claro que deve haver alguém que não goste. Indiferente e independentemente, gosto de todos. Conheço todos os funcionários: do segurança que nos recebe à porta ao presidente da Associação dos Lojistas: nosso simpático amigo Jorge Maia. Foi a partir dessas observações que conheci Ribeiro: o mais fanático (que conheço) torcedor do Flamengo.
Ostenta sempre no peito um grande escudo prateado e brilhoso do rubro-negro carioca, alternado com outro, menor, amarelo; talvez banhado a ouro.
É tão fanático que até a garrafa do café com que se serve nas refeições tem o escudo do Flamengo.
Quando de folga, às vezes aparece lá, com uma camisa, adivinha de que time?… Ou, caso não vá com o uniforme do Flamengo, vai com uma camisa regata, que obviamente, tem o emblema do time carioca no peito.
José Ribeiro da Silva é auxiliar de serviços; casado, 55 anos. Segundo ele, torcedor do Flamengo “desde que estava na barriga da mãe”. Ao meu pedido de que não exagerasse, disse que torce pelo “mengão” desde os 9 anos de idade.
Sua maior emoção?
O bicampeonato da Libertadores conquistado pelo Flamengo, em inesquecível vitória por 2 x 1 contra o River Plate, da Argentina.
Gente simples como Ribeiro merece a atenção de qualquer pessoa que, como eu, vive da palavra.
