É impossível a qualquer jornalista que trabalha (ou trabalhou, como eu) na crônica esportiva não reverenciar e não haver sentido a morte do grande Léo Batista; mais que um ícone: um exemplo!
Por esse motivo, traço umas breves linhas sobre a trajetória dele:
Com 15 anos de idade, Leo Batista começou uma das mais brilhantes e longevas carreiras do jornalismo esportivo brasileiro, que durou 76 anos, dividindo-se entre o rádio e a TV, onde uma “voz marcante”, epíteto dado pelo colega e narrador Luís Roberto, viria a se tornar íntima de gerações e gerações de torcedores e telespectadores.
Domingo passado (19), Léo Batista morreu aos 92 anos, depois de ter sido internado no hospital Rios d’Or, na Freguesia, zona oeste do Rio de Janeiro, com complicações causadas por um tumor no pâncreas.
A carreira de Leo no esporte começou em 1947, quando, por indicação de um primo, tentou a sorte num concurso de locutor para uma rádio que se espalhava por 12 alto-falantes de Cordeirópolis (SP). Aprovado, apresentou-se como Bellinaso Neto, nome com que foi contratado, seis meses depois, pela Rádio Birigui, já com o sonho de um dia narrar um jogo de futebol. Em 1950, esteve na final da Copa do Mundo, no Maracanã, representando a Rádio Difusora de Piracicaba, mas não conseguiu narrar o gol de Ghiggia, que sepultou o sonho do primeiro título brasileiro.
Foi para o Rio de Janeiro e tentou a sorte na Rádio Mayrink Veiga e na Rádio Clube do Brasil, terminando sendo contratado pela Rádio Globo, que contava com Luiz Mendes, os irmãos Wolner e Doalcei Camargo e o paulista Raul Brunini, que já tinha ouvido um jogo narrado pelo rapaz de Cordeirópolis.
Só que Mendes sugeriu ao jovem que mudasse o nome, urgentemente. Ele pensou rápido e disse: “Léo” manteve o Baptista.
Foi com o nome de Léo Batista que o locutor virou uma marca do jornalismo esportivo e ainda protagonizou momentos importantes: Foi o primeiro jornalista a anunciar o suicídio de Getúlio Vargas, em 24 de agosto de 1954. No ano seguinte, teve a primeira experiência na televisão, apresentando o jornal Pirelli diariamente e narrando futebol na TV Rio, onde permaneceu até 1968, quando foi sucedido por Cid Moreira.
Os primeiros passos na TV Globo foram dados em 1970, como narrador substituto na Copa do México. Num dia em que Cid Moreira pediu dispensa da edição do Jornal Nacional, Léo agradou e terminou contratado. Depois, participou da estreia do Jornal Hoje, em 1971, e do primeiro programa esportivo diário da Globo, o Copa Brasil. Em agosto de 1978, assumiu a apresentação do Globo Esporte, do qual se tornou praticamente sinônimo, integrando os quadros até 2014. Aos domingos, foi a voz dos Gols do Fantástico, até 2007.